segunda-feira, 5 de maio de 2014

Relação da Conversão com Outros Estágios do Processo de Salvação

1. COM A REGENERAÇÃO. Esta relação já foi iniciada em certa medida. As duas palavras, “regeneração” e “conversão”, são empregadas sinonimamente por alguns. Todavia, na teologia dos dias atuais elas geralmente se referem a matérias diferentes, se bem que estreitamente interrelacionadas. O princípio da nova vida implantado na regeneração vem a expressar-se na vida consciente do pecador, quando este se converte. A mudança efetuada na vida subconsciente, quando da regeneração, passa para a vida consciente, na conversão. Logicamente, a conversão se segue à regeneração. Nos casos dos que são regenerados na infância, há necessariamente uma separação temporal das duas, mas no caso dos que são regenerados depois de atingirem os anos da discrição, geralmente as duas coincidem. Na regeneração o pecador é inteiramente passivo, mas na conversão ele é passivo e ativo. Aquela nunca pode repetir-se, mas esta pode, até certo ponto, embora a conversio actualis ocorra somente uma vez.
2. COM A VOCAÇÃO EFICAZ. A conversão é resultado direto da vocação interna. Como um efeito no homem, a vocação interna e o começo da conversão realmente coincidem. A situação não é bem como se Deus chamasse o pecador e, então, este, por suas próprias forças, se voltasse para Deus. É exatamente na vocação interna que o homem se torna cônscio do fato de que Deus está operando nele a conversão. O homem verdadeiramente convertido perceberá, ao longo de toda a ação, que a sua conversão é obra realizada por Deus. Isto o distingue do homem que visa a um melhoramento moral superficial. Este último age com as suas próprias forças.
3. COM A FÉ. Como já foi indicado, a conversão consiste de arrependimento e fé, de sorte que a fé é realmente uma parte da conversão. Contudo, devemos fazer distinção aqui. Há duas espécies de fé verdadeira, cada qual tendo um objeto diferente, a saber, (a) um reconhecimento da veracidade da revelação divina da redenção, não meramente num sentido isolado e histórico, mas de modo tal que é vista como uma realidade que não pode ser ignorada com impunidade, porque afeta a vida de maneira vital; e (b) um reconhecimento e aceitação da salvação oferecida em Jesus Cristo, que é a fé salvadora no sentido próprio da expressão. Agora, não há dúvida de que a fé, no primeiro sentido acima, está presente na conversão, desde o início. O Espírito Santo faz com que o pecador veja a verdade como esta é aplicável à sua vida, de modo que ele fica sob “convicção”, * e assim se torna cônscio do seu pecado. Mas ele pode permanecer neste estágio por algum tempo, de modo que é difícil dizer até que ponto a fé salvadora, isto é, a confiança em Cristo para a salvação, está logo de início incluída na conversão. Não há dúvida de que, logicamente, o arrependimento e o conhecimento do pecado precedem a fé que leva o pecador a render-se a Cristo, cheio de confiante amor.
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Por que Beza preferia denominar a conversão resipiscentia, em vez de poenitentia? 2. Por que o termo “arrependimento” é inadequado para expressar a idéia de conversão? 3. Como a Concepção que Lutero tinha do arrependimento deferia da de Calvino? 4. A conversão é sempre precedida pela “convicção do pecado”? 5. Podemos falar em graça proveniente, relativamente à conversão? 6. A conversão é um ato instantâneo, ou um processo? 7. Que se quer dizer com a expressão “conversão diária”? 8. Qual é o conceito válido da necessidade da conversão? 9. A pregação baseada na aliança tem a tendência de silenciar o chamamento para a conversão? 10. Qual a concepção metodista da conversão? 11. São recomendáveis os métodos das reuniões de avivamento? 12. Que dizer do caráter duradouro das conversões das quais os seus participantes se ufanam? 13. As estatísticas da psicologia da conversão dão-nos alguma informação sobre esse ponto?
BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. IV, p. 127-181; Kuyper, Dict. Dogm., De Salute, p. 93-97; ibid., Het Werk van den Helligen Geest II, p. 197-203; A. A. Hodge, Outlines of Theology, p. 487-495; Strong, Syst. Theol., p. 829-849; McPherson, Chr. Dogm., p. 393-397; Shedd, Dogm. Theol. II, p. 529-537; Alexander, Syst. Of Bib. Theol.. II, p. 380-384; Litton, Introd. to Dogm Theol., p. 249-258; Vos, Geref. Dogm. IV, p. 66-81; Pope, Chr. Dogm. II, p. 367-376;Schmid, Doct. Theol. of the Ev. Luth. Chrch, p. 465, 466, 470-484; Drummond, Studies in Chr. Doct., p. 488-491; Macintosh, Theol. as an Empirical Science, p. 134-136; Mastricht, Godgeleerdheit IV, 4; Walden, The Great Meaning of Metanoia; Jackson, The Fact of Conversion; Coe, The Spiritual Life; Starbuck, The Psycology of Religion; James, The Varieties of Religious Experience, p. 189-258; Ames, The Psycology of Religious Experience, p. 257-276; Clark, The Psycology of Religious Awakening; Pratt, The Religious Consciousness, p. 122-164; Steven, The Psychology of the Christian Soul, p. 142-298; Hughes, The New Psychology and Religious Experience, p. 213-241; Snowden, The Psychology of Religion, p. 143-199.
(Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 491)

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