quinta-feira, 2 de outubro de 2014

! BLOG DO PASTOR GUEDES: ORAÇÃO DO ELEITOR ARREPENDIDO

! BLOG DO PASTOR GUEDES: ORAÇÃO DO ELEITOR ARREPENDIDO: Senhor Deus, dentre os muitos erros que tenho cometido, um tem me incomodado em demasia nos últimos dias. Acreditei, por um espaço de ...

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Princípios para uma cosmovisão bíblica – Introdução

Por: John MacArthur Jr.

No Movimento de Jesus de 1960 e 1970, o sinal One
way [Mão única] — o dedo indicador levantado — se tomou
um ícone popular. Adesivos de pára-choques e alfinetes de
lapela com os dizeres One way eram encontrados em toda
parte e o slogan se tomou as palavras identificadoras dos
evangélicos.
O movimento evangélico naqueles dias era
extremamente diversificado (De certa forma era ainda mais
eclético do que é atualmente). Ele incluía tudo desde o Povo
de Jesus, que era parte integral da cultura jovem daquela
época, aos fundamentalistas da direita, que desprezavam
tudo o que fosse contemporâneo. Contudo, todos tinham pelo
menos uma coisa importante em comum: Eles sabiam que
Jesus Cristo é o único caminho para o céu. A One way
parecia uma crença inabalável de todos os evangélicos.
Esse já não é mais o caso. O movimento evangélico da
atualidade não está mais unido em torno desse ponto. Alguns
que se denominam evangélicos andam insistindo
abertamente que a fé só em Jesus não é o único caminho
para o céu. Eles agora estão convencidos que os povos de
todas as crenças estarão no céu. Outros simplesmente estão
acovardados, constrangidos ou hesitantes em afirmar a
exclusividade do evangelho numa época em que o
exclusivismo, pluralismo e tolerância são tidos pelo mundo
secular como virtudes supremas. Eles pensam que seria um
tremendo fora cultural declarar que o Cristianismo é a única
verdade e que todas as outras crenças são erradas.
Aparentemente o maior medo que o movimento evangélico
tem hoje em dia é de ser visto como posicionado em
desarmonia com o mundo.
Por que se deu essa dramática mudança?
Por que o movimento evangélico abandonou aquilo que
outrora aceitava como verdade? Eu creio que é porque, em
sua busca desesperada pelo relevante e atual (na moda), os
líderes da igreja na verdade não conseguiram ver para onde
se encaminha o mundo contemporâneo e por quê.
Nós não estamos mais vivendo no mundo moderno. Este
é o mundo pós-moderno. E o pós modernismo é tão hostil à
verdade do Cristianismo quanto o foi o modernismo — talvez
mais ainda. As questões filosóficas são diferentes, mas a hostilidade
do mundo para com a verdade das Escrituras não
diminuiu nem um pouco.
Este não é o momento de se fazer amizade com o
mundo. E certamente não é tempo de capitular aos gritos do
mundo por pluralismo e inc1usivismo. A menos que
recuperemos nossa convicção de que Cristo é o único
caminho para o céu, o movimento evangélico se tornará cada
vez mais fraco e irrelevante.
É irônico que tantos que estão demolindo a
exclusividade de Cristo, assim fazem porque acreditam que
isso é uma barreira à "relevância". Na verdade, o Cristianismo
não é relevante de modo algum se ele for apenas um dos
muitos caminhos para Deus. A relevância do evangelho tem
sido sempre sua exclusividade absoluta, sumariada na
verdade que só Cristo fez a expiação pelo pecado e, portanto,
só Cristo pode fazer a reconciliação com Deus daqueles que
crêem somente nele.
A igreja primitiva pregou a Cristo crucificado, sabendo
que a mensagem era uma pedra de tropeço para os judeus
religiosos e loucura para os gregos filósofos (1Co 1.23). Nós
precisamos recuperar essa ousadia apostólica. Nós
precisamos lembrar que pecadores não são ganhos através
de relações públicas bem engendradas, mas o evangelho —
uma mensagem inerentemente exclusiva — é o poder de
Deus para a salvação.
Este pequeno livro deve ser um lembrete da distinção do
evangelho. Justamente esta estreiteza coloca o Cristianismo à
parte de qualquer outra cosmovisão. Afinal de contas, o
ponto central do sermão melhor conhecido de Jesus foi
declarar que a estrada para a destruição é larga e bem
viajada, enquanto que a estrada da vida é tão estreita que
poucos a encontram (Mt 7.14). Nossa obrigação como
embaixadores de Deus é justamente apontar a estrada tão
estreita. Cristo é, ele mesmo, o único caminho para Deus, e
obscurecer o fato é, na realidade, negar Cristo e desacreditar
o evangelho em si.
Devemos resistir à tendência de sermos absorvidos nas
modas e modismos do pensamento humano. Nós precisamos
enfatizar, não diminuir, o que torna o Cristianismo único. E
para fazer isso de modo eficaz nós precisamos ter uma
melhor compreensão de como o pensamento do mundo está
ameaçando a sã doutrina na igreja. Devemos ser capazes de
apontar exatamente onde a estrada estreita se afasta da
estrada larga.
É para esta finalidade que eu ofereço este pequeno
volume. É apenas uma breve resenha, mas minha oração é
que ele ajude a estabelecer a verdade do evangelho em
contraste claro para com a sabedoria deste mundo. "Ninguém
se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio
neste século, faça-se estulto para se tornar sábio”. Porque a
sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto
está escrito:
"Ele apanha os sábios na própria astúcia
deles" (1Co 3.18,19).
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e
a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai
senão por mim. (Jo 14.6)
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg.4)

A Igreja versus o Mundo

Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos
odeia. (1Jo 3.13)
Por que os evangélicos tentam tão desesperadamente
cortejar o favor do mundo? As igrejas planejam seus cultos
de adoração para servir aos "sem-igreja". Os produtores
cristãos imitam a coqueluche mundana do momento em
termos de música e entretenimento. Os pregadores se sentem
aterrorizados de que a ofensa do evangelho possa fazer
alguém se voltar contra eles; então deliberadamente omitem
partes da mensagem que o mundo pode não se agradar.
O movimento evangélico parece ter sido sabotado por
legiões de falsos especialistas mundanos que estão
empenhados em tentar fazer o melhor que podem para
convencer o mundo de que a igreja pode ser tão inclusiva,
pluralista e de mente aberta quanto a mais politicamente
correta pessoa mundana.
A busca pela aprovação do mundo é nada mais, nada
menos que adultério espiritual. Na verdade, isto é
precisamente a imagem que o apóstolo Tiago usou para
descrevê-la. Ele escreveu, "Infiéis [NKN: "adúlteros e
adúlteras"], não compreendeis que a amizade do mundo é
inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do
mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tg 4.4).
Existe e sempre existiu uma incompatibilidade
fundamental, irreconciliável entre a igreja e o mundo. O
pensamento cristão é totalmente desarmônico com todas as
filosofias da História. A fé genuína em Cristo implica numa
negação de todo valor mundano. A verdade bíblica contradiz
todas as religiões do mundo.
O próprio Cristianismo é, portanto, virtualmente
contrário a tudo o que este mundo admira.
Jesus disse a seus discípulos, "Se o mundo vos odeia,
sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se
vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como,
todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhei,
por isso, o mundo vos odeia" (Jo 15.18,19).
Observe que o nosso Senhor considerou como certo que
o mundo desprezaria a igreja. Longe de ensinar a seus
discípulos a que tentassem ganhar o favor do mundo,
reinventando o evangelho para se adequar às suas
preferências, Jesus expressamente advertiu que a busca
pelas aclamações mundanas é uma característica dos falsos
profetas: "Ai de vós, quando todos vos louvarem' Porque
assim procederam seus pais com os falsos profetas" (Lc 626).
Ele foi mais longe, "Não pode o mundo odiar-vos, mas a
mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de
que as suas obras são más" (Jo 7.7). Em outras palavras, o
desprezo do mundo pelo Cristianismo deriva de motivos
morais, não intelectuais: "O julgamento é este: que a luz veio
ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz;
porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica
o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não
serem argüidas as suas obras" (Jo 3.19,20). É por esta razão
que, não importa quão dramaticamente a opinião do mundo
possa vir a variar, a verdade cristã não será jamais popular
ao mundo.
Contudo, virtualmente em toda época da história da
igreja, tem havido gente na igreja que está convencida de que
a melhor maneira de ganhar o mundo é satisfazer os seus
gostos. Tal tipo de abordagem tem sempre sido em detrimento
da mensagem do evangelho. As únicas vezes que
igreja causou impacto significativo sobre o mundo foi quando
o povo de Deus permaneceu firme, se recusou a compactuar
e ousadamente proclamou a verdade apesar da hostilidade do
mundo. Quando os cristãos se desviam da tarefa de
confrontar os enganos do mundo com as impopulares
verdades bíblicas, a igreja invariavelmente perde sua
influência e impotente se mescla ao mundo. Tanto as Escrituras
quanto a História atestam esse fato.
E a mensagem cristã simplesmente não pode ser torcida
para se conformar com a instabilidade da opinião do mundo.
A verdade bíblica é fixa e constante, não sujeita a mudança
ou adaptação.
A opinião do mundo, por outro lado, está sempre em
fluxo constante. Os vários modismos e filosofias mudam
radicalmente e regularmente de geração para geração. A
única coisa que permanece constante no mundo é seu ódio
por Cristo e seu evangelho.
Ao que tudo indica, o mundo não abraçará por muito
tempo qualquer das ideologias que estão atualmente em
voga. Se a História servir como indicador, quando nossos
netos se tomarem adultos a opinião do mundo terá sido
dominada por um sistema completamente novo de crenças e
um conjunto de valores totalmente diferente. A geração de
amanhã renunciará a todas os modismos e filosofias de hoje,
mas urna coisa permanecerá imutável: até que o Senhor
mesmo volte, seja qual for a ideologia que ganhe
popularidade no mundo, ela será tão hostil às verdades
bíblicas corno o foram todas as precedentes
MODERNISMO
Pense no que aconteceu no século passado, por
exemplo. Cem anos atrás a igreja estava ameaçada pelo
modernismo.
Modernismo era urna cosmovisão baseada na noção de
que somente a ciência podia explicar a realidade. O
modernista, com efeito, começou com a pressuposição de que
nada sobrenatural é real.
Deveria ter ficado instantaneamente óbvio que o
modernismo e o Cristianismo eram incompatíveis no nível
mais básico. Se nada sobrenatural era real, então grande
parte da Bíblia seria falsa e sem autoridade; a encarnação de
Cristo seria um mito (anulando a autoridade de Cristo
também); e todos os elementos sobrenaturais do
Cristianismo, incluindo o próprio Deus, teriam de ser
totalmente redefinidos em termos naturalistas. O
modernismo foi anticristão até à sua medula.
Não obstante, a igreja visível no começo do século 20
ficou cheia de gente que estava convencida de que
modernismo e Cristianismo podiam e deviam ser conciliados.
Eles insistiam que se a igreja não acompanhasse o passo
com dos tempos, abraçando o modernismo, o Cristianismo
não sobreviveria ao século 20. A igreja se tornaria
paulatinamente irrelevante para o povo moderno, eles diziam,
e logo desapareceria. Assim sendo, eles inventaram um
"evangelho social" desprovido do verdadeiro evangelho da
salvação.
Naturalmente, o Cristianismo bíblico sobreviveu o século
20 muito bem, obrigado. Nos lugares onde os cristãos
permaneceram comprometidos com a verdade e autoridade
das Escrituras, a igreja floresceu, mas, ironicamente, aquelas
igrejas e denominações que abraçaram o modernismo foram
as que se tornaram pouco a pouco irrelevantes e
desapareceram antes do fim do século. Muitos edifícios de
pedra, grandiosos, mas quase vazios, dão testemunho da
fatalidade da conformação com o modernismo.
POS-MODERNISMO
O modernismo é agora considerado como um modo de
pensar do passado. A cosmovisão dominante tanto no círculo
secular quanto no acadêmico atualmente é chamada de pósmodernismo.
Os pós-modernistas têm repudiado a confiança
absoluta dos modernistas na ciência como único caminho
para a verdade.
Na realidade os pós-modernistas perderam
completamente o interesse pela "verdade", insistindo que não
existe tal coisa como verdade absoluta ou universal.
O modernismo era de fato asneira e precisava ser
abandonado, mas o pós-modernismo é um passo trágico na
direção errada. Ao contrário do modernismo, que estava
ainda preocupado com a possibilidade de convicções básicas,
crenças e ideologias serem objetivamente verdadeiras ou
falsas, o pós-modernismo simplesmente nega que qualquer
verdade possa ser objetivamente conhecida.
Para o pós-modernista a realidade é o que o indivíduo
imagina que seja. Isso significa que o que é "verdadeiro" é
determinado subjetivamente por cada um, e não existe tal
coisa como a chamada verdade objetiva, com autoridade que
governa ou se aplica universalmente a toda humanidade. O
pós-modernista acredita naturalmente que não faz sentido
debater se a opinião A é superior à opinião B. No final de
contas, se a realidade é meramente uma invenção da mente
humana a perspectiva de verdade de uma pessoa é afinal tão
boa quanto a de outra.
Tendo desistido de conhecer a verdade objetiva, o pósmodernista
se ocupa em lugar disso, com a busca para
"entender" o ponto de vista da outra pessoa. Então as
palavras "verdade" e "compreensão" tomam significados
radicalmente novos. Ironicamente, "compreensão" requer que
primeiro de tudo desacreditemos na possibilidade de
conhecer qualquer verdade afinal. E "verdade" se torna nada
mais do que uma opinião pessoal, geralmente melhor
guardada para si mesmo.
Essa é uma exigência essencial, não negociável que o
pós-modernismo faz a todo mundo: nós não devemos pensar
que conhecemos qualquer verdade objetiva. Os pósmodernistas
freqüentemente sugerem que toda opinião
deveria receber igual respeito. E, portanto, numa visão
superficial, o pós-modernismo parece movido por uma
preocupação pela mente aberta para se chegar à harmonia e
tolerância. Tudo soa muito caridoso e altruísta, mas o que
realmente sublinha o sistema de crenças pós-modernistas é
uma intolerância total por toda cosmovisão que faça
alegações de qualquer verdade universal particularmente o
Cristianismo bíblico.
Em outras palavras, o pós-modernismo começa com
uma pressuposição que é irreconciliável com a verdade
objetiva, divinamente revelada nas Escrituras. Da mesma
forma que o modernismo, o pós-modernismo é fundamental e
diametralmente oposto ao evangelho de Jesus Cristo.
PÓS-MODERNISMO E A IGREJA
Não obstante, a igreja atualmente está cheia de gente
que advoga idéias pós-modernistas. Alguns deles fazem isso
consciente e deliberadamente, mas a maioria o faz sem
querer (Tendo embebido demasiado do espírito dos tempos,
eles estão simplesmente regurgitando opiniões do mundo). O
movimento evangélico como um todo, ainda se recuperando
de sua longa batalha contra o modernismo, não está
preparado para um adversário novo e diferente. Muitos
cristãos, portanto, não reconheceram ainda o perigo extremo
colocado pelo pensamento pós-modernista.
A influência pós-modernista claramente já infecta a
igreja. Os evangélicos estão baixando o tom da sua
mensagem para que as rígidas alegações de verdades do
evangelho não soem tão desagradáveis aos ouvidos pósmodernos.
Muitos evitam fazer afirmações inequívocas de
que a Bíblia é verdadeira e todos os outros sistemas
religiosos do mundo são falsos. Alguns que se intitulam
cristãos foram ainda mais longe, determinadamente negando
a exclusividade de Cristo e abertamente questionando sua
alegação de ser ele o único caminho para Deus.
A mensagem bíblica é clara. Jesus disse, "Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão
por mim" (Jo 14.6). O apóstolo Pedro proclamou a uma
audiência hostil, " ... não há salvação em nenhum outro;
porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado
entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (At
4.12). O apóstolo João escreveu, " . quem crê no Filho tem a
vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho
não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo
3.36). Repetidas vezes as Escrituras enfatizam que Jesus
Cristo é a única esperança de salvação para o mundo. " ... há
um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens,
Cristo Jesus, homem" (1Tm 2.5). Somente Cristo pode expiar
pecados e, portanto, somente Cristo pode dar salvação. " ... o
testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta
vida está no seu Filho. “Aquele que tem o Filho tem a vida;
aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida" (1Jo
5.11,12).
Essas verdades são contrárias à doutrina central do
pós-modernismo. Elas fazem alegações de verdade
exclusivas, universais, declarando ser Cristo o único
caminho para o céu e errôneos todos os outros sistemas de
crença. Isto é o que as Escrituras ensinam. É o que a igreja
verdadeira tem proclamado ao longo de toda sua história. É a
mensagem do Cristianismo. E simplesmente não pode ser
ajustado para acomodar as sensibilidades pós-modernas. Em
vez disso, muitos cristãos simplesmente vão passando por
cima das alegações exclusivas de Cristo, debaixo de um
silêncio constrangedor. Pior ainda, alguns na igreja —
incluindo alguns dos mais conhecidos lideres evangélicos —
começaram a sugerir que talvez o povo possa ser salvo fora
do conhecimento de Cristo.
Os cristãos não podem capitular ao pós modernismo
sem sacrificar a essência da nossa fé. A alegação da Bíblia de
que Cristo é o único caminho da salvação está certamente em
desarmonia com a noção pós-moderna de "tolerância", mas é,
no final de contas, exatamente o que a Bíblia claramente
ensina. E a Bíblia, não a opinião pós-moderna, é a
autoridade suprema para o cristão. Somente a Bíblia deve
determinar o que nós cremos e proclamar isso ao mundo.
Nós não podemos abrir mão disso, não importa quanto o
mundo pós-modernista reclame que nossas crenças fazem de
nós pessoas "intolerantes".
TOLERÂNCIA INTOLERANTE
A veneração da tolerância pelo pós-modernista é uma
característica óbvia, mas essa versão da "tolerância" é, na
verdade, uma distorção perigosa da verdadeira virtude. Aliás,
tolerância nunca é mencionada na Bíblia como uma virtude,
exceto no sentido de paciência, longanimidade e mansidão
(ver Ef 4.2). De fato, a noção contemporânea de tolerância é
um conceito pateticamente fraco comparado ao amor que as
Escrituras ordenam aos cristãos que mostrem aos seus
inimigos. Jesus disse, "amai os vossos inimigos, fazei o bem
aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai
pelos que vos caluniam" (Lc 6.27,28; confira os versículos 29-
36).
Quando nossos avós falaram de tolerância como uma
virtude, eles tinham isso em mente. A palavra então
significava respeitar as pessoas e tratá-las com bondade
mesmo quando acreditamos que elas estão erradas, mas a
noção pós moderna de tolerância significa que nós nunca
devemos considerar a opinião de ninguém como errada. A
tolerância bíblica é para as pessoas; a tolerância pósmoderna
é para idéias.
Aceitar toda crença como igualmente válida dificilmente
é uma virtude real, mas é praticamente o único tipo de
virtude que o pós-modernismo conhece. As virtudes
tradicionais (incluindo humildade, domínio próprio e
castidade) são abertamente zombadas e até mesmo
consideradas como transgressões, no mundo do pósmodernismo.
Previsivelmente a beatificação da tolerância pósmoderna
tem tido seus efeitos desastrosos sobre a verdadeira
virtude em nossa sociedade. Nestes tempos de tolerância, o
que era proibido passou a ser encorajado. O que era tido
como imoral é agora festejado. Infidelidade marital e divórcio
foram normalizados. Impureza é o lugar comum. Aborto,
homossexualidade e perversões morais de todos os tipos são
aclamados por grandes grupos e entusiasticamente
promovidos pela mídia popular. A noção pós-moderna de
tolerância está sistematicamente virando virtude genuína na
cabeça deles.
Praticamente a única coisa a ser rejeitada pela sociedade
como maligna é a noção simplória e politicamente incorreta
que o estilo de vida, religião, ou perspectiva diferente de
outra pessoa é incorreto.
Uma exceção notável àquela regra se destaca
claramente: os pós-modernistas aceitam a intolerância se for
contra aqueles que alegam conhecer a verdade,
particularmente os cristãos bíblicos. De fato, aqueles que se
proclamam os advogados líderes de tolerância atualmente
são freqüentemente os oponentes mais declarados do
Cristianismo evangélico.
Basta dar uma olhada na Internet, por exemplo, e veja o
que está sendo dito pelos autoestilizados campeões de
tolerância religiosa. O que você vai encontrar é uma grande
quantidade de intolerância pelo Cristianismo bíblico. Na
verdade, alguns dos materiais mais amargos anticristãos na
Internet podem ser encontrados em sites supostamente
promovendo a tolerância religiosa.!
Por que isso? Por que o Cristianismo bíblico autêntico
depara com tal feroz oposição de pessoas que pensam ser
modelos de tolerância? É porque as alegações de verdade das
Escrituras e particularmente as alegações de Jesus de ser o
único caminho para Deus — são diametralmente opostos às
pressuposições fundamentais da mente pós-moderna. A
mensagem cristã representa um golpe fatal à cosmovisão
pós-modernista.
Mas se os cristãos se deixam enganar ou são
intimidados a suavizar as alegações diretas de Cristo e a
alargar o caminho estreito, a igreja não fará qualquer
progresso contra o pós-modernismo. Nós precisamos
recuperar a distinção do evangelho. Precisamos reconquistar
nossa confiança no poder da verdade de Deus. E nós
precisamos proclamar com ousadia que Cristo é a única
verdadeira esperança para o povo deste mundo.
Isso pode não ser o que o povo quer ouvir neste tempo
pseudo-tolerante do pós-modernismo, mas é verdade assim
mesmo. E precisamente porque é verdade e o evangelho de
Cristo é a única esperança para um mundo perdido é que é
ainda mais urgente levantarmos acima de todas as vozes de
confusão no mundo e dizer desta forma.
O restante deste livro irá examinar seis conceitos chaves
que explicam a distinção do Cristianismo. São princípios que
totalmente contradizem a sabedoria convencional do pósmodernismo,
mas eles são componentes essenciais de uma
cosmovisão bíblica. Esses seis princípios, definidos por seis
palavras-chave, se elevam uns sobre os outros e se interligam
de tal modo que permanecem em pé ou caem juntos. Eles
nos dão a estrutura necessária para o pensamento, para
entendermos o mundo à nossa volta e para ministrarmos
neste tempo pós-moderno.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg.7)

Objetividade

A tua palavra é a verdade. (Jo 17 .17)
O Cristianismo autêntico começa com a premissa de que
existe uma fonte de verdade fora de nós. Especificamente a
Palavra de Deus é verdade (Sl 19.151; Jo 17.17). Ela é
objetivamente verdade — quer dizer, ela é verdade quer fale
subjetivamente a um dado indivíduo ou não; é verdade
independente de como alguém se sente sobre ela; é verdade
para todos universalmente e sem exceções; é absolutamente
verdade.
Isso, é claro, contradiz a pressuposição básica que
governa o pensamento da maioria das pessoas atualmente. A
filosofia pós-moderna diz que não existe tal coisa como
verdade absoluta ou, se houver, será impossível de ser
conhecida. Segundo o pós-modernismo, verdade nada mais é
do que uma criação da mente humana; as pessoas
determinam sua própria realidade; e portanto, ninguém tem
a verdade. Acima de tudo, o pós-modernista está convencido
de que nenhuma religião é superior a outra. Nós não
devemos pensar que nossas crenças são necessariamente válidas
para mais ninguém. Nem tampouco qualquer posição
teológica será, em tempo algum, tida como certa ou errada. O
que eu acredito é válido para mim; e seja lá o que for que
você crê é igualmente válido para você. E desta forma nós
podemos aceitar a religião um do outro, mesmo se nossas
crenças totalmente contradizem uma a outra. Esse é o credo
do pós-modernista.
“Você pode não se dar conta de quão profundamente
esse tipo de pensamento penetrou na consciência
contemporânea, mas ele já tomou conta do mundo
acadêmico e secular Dois meses após o dia 11 de setembro
de 2001, do dia que ocorreu o ataque terrorista ao World
Trade Center [Centro Mundial de Comércio] e ao Pentágono, o
ex-presidente dos Estados Unidos da América, EUA, Bill
Clinton, proferiu um discurso na Universidade de
Georgetown, no qual ele sugeriu que o senso "arrogante de
justiça" dos norte-americanos era em parte responsável por
ter feito a nação um alvo do terrorismo.
Aparentemente, para Clinton, toda a confusão poderia
ter sido evitada se todas as pessoas de ambos os lados
tivessem simplesmente se dado conta de que não existe tal
coisa como uma verdade absoluta ou universal e que,
portanto, nenhuma ideologia merece briga.
"Ninguém tem a verdade," disse ele aos estudantes.
"Vocês estão numa universidade que basicamente crê que
ninguém nunca tem a verdade toda, nunca Nós somos
incapazes de alguma vez ter a verdade completa." Os
terroristas”, sugeriu Clinton, estão sendo brutais e
intolerantes apenas porque acreditam serem donos da
verdade, enquanto que as atitudes mais tolerantes de nossa
sociedade são enraizados na compreensão de que a verdade
absoluta é impossível de ser conhecida. "Eles acreditam tê-la,
mas nós, porque acreditamos que ninguém pode ser dono de
toda a verdade, nós pensamos que todos são importantes."1
Essas observações praticamente resumem a atitude da
sociedade atualmente. O ceticismo foi entronizado e
consagrado, enquanto que a fé confiante foi banida e
exorcizada. A única coisa de que podemos estar certos é que
nós não podemos estar certos de coisa alguma. Ter
convicções fortes sobre qualquer coisa (outra que não seja
nossa própria inabilidade de descobrir a verdade), é tido
como inerentemente intolerante até mesmo perverso. Além
disso, de acordo com o modo de pensar pós-moderno, pouco
adianta tentar combater as falsas idéias com as verdadeiras.
Afinal de contas, eles dizem se alegarmos que temos a
verdade, nós nos tornamos exatamente tão maus quanto os
terroristas. Então, em vez disso, a inteligência pós-moderna
está fazendo o que pode para tirar de todo mundo a noção
arcaica de que verdade absoluta e objetiva é passível de ser
conhecida de alguma forma.
Este ponto de vista está moldando o mundo em que
vivemos. Multidões literalmente e de todo coração acreditam
que podem construir sua própria realidade e definir sua
própria verdade. A popularidade de tal filosofia é responsável
pelo crescimento da religião e ideologia da Nova Era. Explica
também porque as pessoas de hoje em dia são mais voltadas
para si mesmas e mais narcisistas do que praticamente as de
qualquer outra geração na História.
O ex-presidente Clinton estava sugerindo que é
arrogância alguém pensar que conhece a verdade absoluta,
mas arrogância de fato é aquela da pessoa que pensa que
pode inventar sua própria verdade para a ocasião.
Quando tudo depende de sua definição de o que é —
quando os indivíduos podem re-imaginar e re-interpretar
tudo subjetivamente de modo que cada pessoa determina o
que é certo a seus próprios olhos — a civilização encontra-se
em sérias dificuldades. Essa é a direção na qual caminha
nossa sociedade. Tendo acatado a noção de que verdade
absoluta é impossível de ser conhecida, as pessoas se dispõe
a aceitar quase qualquer coisa em lugar da verdade.
Mesmo na igreja tem havido uma erosão séria de
confiança na verdade objetiva das Escrituras. Dogmatismo
sobre qualquer ponto da doutrina é geralmente considerado
fora de moda; incerteza e abertura a múltiplos pontos de
vista é o estilo próprio entre os pregadores e professores
nestes dias. Os movimentos de massa mais populares no
meio evangélico atual são ecumênicos em sua confiança,
insistindo para que coloquemos de lado a doutrina por amor
à harmonia. Tais tendências refletem uma capitulação diante
da idéia pós-moderna de que verdade absoluta é impossível
de ser conhecida e, portanto, ela não importa muito, afinal de
contas.
O desprezo do pós-modernismo pela verdade objetiva
está se infiltrando na igreja de formas sutis, também. É só
participar de um típico encontro evangélico para estudo da
Bíblia no lar e você verá que, com grande probabilidade, será
convidado a compartilhar sua opinião sobre "o que este
versículo significa para mim," como se a mensagem das
Escrituras fosse diferente para cada indivíduo. É raro o
professor estar preocupado com o que as Escrituras
significam para Deus.
Se realmente cremos que as Escrituras são a Palavra de
Deus, por que nós hesitamos em dizer que ela tem um
significado objetivo; é absolutamente verdade; e todas as
outras interpretações são falsas? Os evangélicos sempre
acreditaram que as Escrituras são claras — seu significado
essencial é evidente de imediato. Não é um segredo ou um
mistério para ser solucionado. A Bíblia é a revelação de Deus
para nós. É uma revelação da verdade; não é um enigma. E
em todos os assuntos essenciais ela fala com perfeita clareza.
Certamente que nas Escrituras " ... há certas coisas
difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam
... para a própria destruição deles" (2Pe 3.16). Existem
também muitos assuntos de importância secundária sobre os
quais nós não precisamos discutir muito. Em tais assuntos
indiferentes a regra é clara: "Cada um tenha opinião bem
definida em sua própria mente" (Rm 14.5), mas a mensagem
principal das Escrituras e a mensagem do evangelho em
particular é clara e sem ambigüidade. Não "provém de
particular elucidação," e seu significado não está sujeito a
preferências individuais. "Porque nunca jamais qualquer
profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens
santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo" (2Pe 1.20,21).
Repetidas vezes a Escritura faz esse tipo de alegação
sobre si mesma: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra"
(2Tm3.16,17). Em outras palavras, a Escritura não apenas é
inspirada por Deus, mas é também suficiente para nos
equipar totalmente com toda a verdade espiritual de que
precisamos. É mais segura do que os nossos próprios
sentidos (2Pe 1.19, KN). Ela "permanece eternamente" (1Pe
1.25). É garantida até cada til e i (Mt 5.18). É imutável e
"permanece eternamente" (Is 40.8). Jesus mesmo disse,
"Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não
passarão" (Mt 24.35).
O Cristianismo autêntico sempre sustentou que as
Escrituras são a verdade absoluta, objetiva. É tão verdade
para uma pessoa quanto o é para outra, independente da
opinião seja lá de quem for sobre ela. Ela tem um significado
verdadeiro que se aplica a todo mundo. É a Palavra de Deus
para a humanidade e seu verdadeiro significado é
determinado por Deus; não é alguma coisa que possa ser
formatada para encaixar nas preferências de ouvintes
individuais.
As Escrituras são absolutamente verdadeiras, quer
afetem você e eu, quer não. As Escrituras seriam verdadeiras
mesmo que não existíssemos. De nenhuma maneira a
verdade das Escrituras é decidida pela experiência de
alguém. Se ela nos afeta ou não subjetivamente nada tem a
ver com seu significado de fato ou veracidade. A mensagem
das Escrituras não é maleável. Não é singular para cada
pessoa. Não é determinada pela experiência pessoal ou
opinião pessoal.
Isso significa um forte golpe para um grande segmento
dos que professam o Cristianismo atualmente. Multidões
estão procurando ouvir a voz de Deus em suas cabeças ou
buscando algum tipo de epifania intuitiva na qual a verdade
lhe será revelada subjetivamente, mas a única verdade final e
absoluta para o cristão — a verdade que supera todas as
opiniões particulares, sentimentos pessoais e experiências
subjetivas é a verdade objetiva de Deus como revelada nas
Escrituras quando corretamente interpretada.
A verdade bíblica é objetiva. É verdadeira em si mesma.
É verdadeira se sentimos ou deixamos de sentir que é
verdadeira. É verdadeira se foi ou não validada pela
experiência de alguém. É verdadeira porque Deus disse que é
verdadeira. É verdadeira por completo e é verdadeira até o
menor til ou i. O Salmo 119. 160 diz, "As tuas palavras são
em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos
juízos dura para sempre" (Sl 119.160).
Esse é exatamente o ponto de partida e o alicerce
necessário para uma cosmovisão cristã verdadeira. Abra mão
do fundamento da verdade bíblica e seja qual for o sistema de
crença que reste não vale a pena ser chamado cristão,
mesmo se ele retiver vestígios do simbolismo e da
terminologia cristãos.
Muitos que se intitulam cristãos atualmente estão
precisamente nessa situação. Eles usam linguagem e
simbolismo cristãos, mas a fonte real da autoridade deles é
algo além das Escrituras. Alguns simplesmente vivem pelo
que sentem e moldam suas crenças segundo suas
preferências pessoais. Outros alegam que Deus lhes fala
diretamente por meio de vozes, impressões fortes, ou
sentimentos vagos que eles interpretam como revelações
diretas do Espírito Santo. Outros ainda pensam que as
Escrituras são escritos improvisados que eles podem
modificar ou interpretar da maneira que desejarem. De
qualquer modo, a vida e crença deles são comandadas pelas
suas preferências pessoais. As crenças deles não são
realmente diferentes daquelas dos seguidores da Nova Era
que acreditam que a verdade é encontrada dentro deles
mesmos.
Mas o Cristianismo histórico é baseado na revelação
objetiva das Escrituras. Essa é a razão pela qual nossa
primeira palavra-chave para descrever a cosmovisão cristã é
objetividade. Nossa fé está firmada na convicção de que Deus
falou e a sua Palavra é a verdade objetiva. O que ele nos deu
é absoluto e inabalável. É a verdade pelas quais todas as
outras alegações de verdade são medidas.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 17)

Racionalidade

Não vos escrevi porque não saibais a
verdade; antes, porque a sabeis, e porque
mentira alguma jamais procede da verdade.
(Jo 2.21)
Uma segunda palavra-chave que ajuda a definir uma
cosmovisão autenticamente cristã é a racionalidade. Nós
acreditamos que a revelação objetiva das Escrituras é
racional. A Bíblia faz sentido perfeitamente. Ela não contém
contradições, nem erros nem princípios mal fundamentados.
Qualquer coisa que contradiga as Escrituras é falso.
Esse tipo de racionalidade é oposto a todo o conteúdo do
pensamento pós-moderno As pessoas da atualidade são
ensinadas a glorificar a contradição, a abraçar o que é
absurdo, a preferir o que é subjetivo e a permitir que os
sentimentos (em vez do intelecto) determinem o que eles
crêem. Elas são ensinadas a não rejeitar idéias apenas
porque contradizem o que nós aceitamos ser verdadeiro. E
elas são até mesmo encorajadas a abraçar conceitos
contraditórios e mostrar-lhes o mesmo respeito como se
fossem verdadeiros. Tal irracionalidade não é nada menos do
que rejeitar o conceito da verdade.
Como cristãos nós sabemos que Deus não pode mentir
(Tt 12). Ele não "pode negar-se a si mesmo" (2Tm 2.13); e,
portanto, ele não se contradiz. Ele não é Deus de confusão
(1Co 14.33). Sua verdade é perfeitamente coerente.
Isso significa primeiro de tudo, que a Palavra de Deus é
um registro preciso e incontestável da verdade. A Bíblia não é
cheia de absurdos, contradições ou fantasias. Ela é
perfeitamente consistente com tudo o que é verdadeiro. Os
fatos colocados pelas Escrituras são fidedignos.
Os eventos históricos descritos na Bíblia são história
verdadeira, não alegorias míticas ou exóticas. A doutrina
ensinada nela é sem erro. Os detalhes das Escrituras são
preciosos, desde o dia da Criação até o dia final da
consumação, da volta de Cristo. As Escrituras em si são
completamente livres de todos os erros e deficiências.
" ... é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til
sequer da Lei" (Lc 16.17). É desse modo que Cristo via as
Escrituras, e qualquer pessoa que adote um ponto de vista
diferente não será, nesse aspecto, um seguidor genuíno de
Cristo.
Mas existe uma segunda, igualmente importante,
implicação de nossa confiança na veracidade absoluta de
Deus: Visto que sua Palavra é verdade objetiva e
perfeitamente fidedigna em tudo que ensina, as Escrituras
deveriam ser tanto o ponto de partida como o de chegada do
teste da verdade em todo nosso pensamento. Se as
Escrituras são totalmente verdadeiras, então qualquer coisa
que as contradiga é simplesmente falsa, mesmo se estivermos
falando de crenças fundamentais sobre as quais as ideologias
mais populares do mundo são baseadas.
Esse tipo de racionalidade em branco e preto é uma das
principais razões do Cristianismo bíblico ser intolerável
numa geração que despreza a simples idéia de verdade
absoluta.
A fim de que ninguém entenda mal, nós não estamos
defendendo o racionalismo — a noção de que a razão humana
sozinha, independente de qualquer revelação sobrenatural,
possa descobrir a verdade. Um racionalista imagina que a
razão humana é tanto a fonte como o teste final de toda
verdade. O fato é que o racionalismo exalta a razão humana
acima das Escrituras.
Como cristãos nós nos opomos ao racionalismo, mas o
Cristianismo não de modo algum hostil a racionalidade. Nós
cremos que a verdade é lógica; é coerente; é inteligível. Não
apenas a verdade pode ser conhecida racionalmente; ela não
pode ser conhecida de modo algum se nós abandonarmos a
racionalidade.
Irracionalidade é uma agressão às Escrituras e aos
intentos de Deus. Quando Deus deu a Bíblia, era para que
ela fosse entendida, mas ela só pode ser entendida por
aqueles que aplicam sua mente a ela racionalmente.
Contrário ao que muitos podem pensar o significado das
Escrituras não é algo que nos vem através de meios místicos.
Não é segredo espiritual que tem de ser descoberto por algum
método enigmático ou arbitrário. Seu significado verdadeiro
pode ser entendido apenas por aqueles que a abordam
racionalmente e sensivelmente.
Neemias 8 descreve o re-avivamento que se passou
naquele tempo, motivado pela leitura pública das Escrituras.
Neemias descreve a cena:
Em chegando o sétimo mês, e estando os
filhos de Israel nas suas cidades, todo o
povo se ajuntou como um só homem, na
praça, diante da Porta das Águas; e
disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse
o livro da lei de Moisés, que o SENHOR
tinha prescrito a Israel. Esdras, o sacerdote,
trouxe a lei perante a congregação, tanto de
homens como de mulheres e de todos os
que eram capazes de entender o que
ouviam. Era o primeiro dia do sétimo mês. E
leu no livro, diante da praça, que está
fronteira à Porta das Águas, desde a alva até
ao meio-dia, perante homens e mulheres e
os que podiam entender; e todo o povo tinha
os ouvidos atentos ao livro da lei (Ne 8.1-3).
Observe-se a ênfase na atenção do povo.
A leitura era em beneficio" ... de todos os que eram
capazes de entender o que ouviam ... os que podiam
entender." O versículo 8 descreve como Esdras e os escribas
fizeram a leitura: "Leram no livro, na lei de Deus, claramente,
dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia"
(Ne 8.8).
A leitura não foi um exercício ritualista, como um canto
ou a entoação cerimonial de alguma liturgia. Era dirigido às
faculdades cognitivas das pessoas — suas mentes racionais.
O poder da Palavra de Deus reside em seu significado,
não meramente no som das palavras. Não era um
encantamento mágico em que seu poder pode ser liberado
meramente recitando sílabas, mas o poder inerente nas
Escrituras é o poder da verdade. Eu gosto de dizer que o
significado das Escrituras é as Escrituras. Se você não
interpretar a passagem corretamente, então você não tem a
Palavra de Deus, porque apenas o significado verdadeiro é a
Palavra de Deus.
Não é como se nós pudéssemos fazer as palavras
significarem qualquer coisa que queiramos que elas
signifiquem, de forma que, seja qual for a conotação que
impusermos às palavras, elas se tornam a Palavra de Deus.
Somente a interpretação verdadeira do texto é a autêntica
Palavra de Deus e qualquer outra interpretação
simplesmente não é o que Deus está dizendo.
Lembre-se, a Palavra de Deus é a verdade objetiva
revelada e, portanto, tem um significado racional. Esse
significado, e esse significado apenas, é a verdade. Entendêla
corretamente é de suprema importância.
Por essa razão é que é tão importante interpretarmos as
Escrituras cuidadosamente a fim de entendê-la corretamente.
É um processo racional, não um processo místico ou
estranho.
É um processo espiritual? Certamente. Eu nunca início
meu estudo da Palavra de Deus sem orar: "Senhor, abre meu
entendimento para ver a verdade." Mas eu não fico sentado
esperando que alguma coisa caia do céu; eu abro meus livros
e busco o entendimento racional do texto.
Isso começa com a compreensão de que as Escrituras
são internamente coerentes. Portanto, enquanto nós
comparamos as Escrituras com as Escrituras, as partes mais
claras explicam as partes mais difíceis. Quanto mais
estudamos mais luz é lançada no nosso entendimento. É
trabalho mental duro, mas é também trabalho espiritual da
mesma forma.
De fato, nós somos totalmente dependentes do Espírito
Santo para nos ensinar a verdade, porque " ... o homem
natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente" (1Co 2.14).
Mas a maneira como o Espírito Santo nos dá
entendimento é através de nossas mentes — empregando
nossas faculdades racionais (v. 16; Ef 1.18; 4.23; 2Tm 1.7).
A teologia neo-ortodoxa, que encontrou destaque na
primeira metade do século 20, causou tremenda confusão
sobre a racionalidade da verdade. Os teólogos neo-ortodoxos
insistiam que o Cristianismo é um sistema de crença
irracional — uma religião de "paradoxo". O que eles estavam
realmente dizendo é que o Cristianismo é cheio de
contradições. Paradoxo é uma designação errônea no sentido
em que eles o usavam. “Um verdadeiro paradoxo é um jogo
de palavras, tal como "Porém, muitos primeiros serão
últimos; e os últimos, primeiros" (Mt 19.30), e ''Não é assim
entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre
vós, será esse o que vos sirva" (Mt 20.26).
Mas quando os neo-ortodoxos usam o termo paradoxo
eles estão falando de uma contradição real. Eles consideram
toda verdade como irracional, contraditória e absurda à
mente lógica. No sistema deles, fé implica no abandono da lógica.
É um pulo cego no abismo do irracionalismo. Eles
emprestaram seu irracionalismo da filosofia existencial e
fizeram dele uma marca registrada de sua teologia.
Ao fazer isto, eles lançaram fundamentos para uma
versão pós-moderna do Cristianismo.1 Mas esse não é o
Cristianismo verdadeiro porque ele abandonou a
racionalidade, que é essencial à verdade propriamente dita.
O problema com tal irracionalismo é que ele anula a lei
da não-contradição, o fundamento essencial de todo
pensamento racional. Se duas proposições contraditórias
pudessem ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo, então
uma idéia que se opõe à verdade não poderia necessariamente
ser considerada errada. A antítese de uma afirmação
verdadeira não poderia automaticamente ser julgada falsa.
Este é o mesmo tipo de pensamento que reside no coração da
tolerância pós-modernista. Não é uma visão cristã da
verdade. É irracionalismo.
O apóstolo Paulo escreveu, "Se alguém ensina outra
doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é
enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e
contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação,
difamações, suspeitas malignas" (1 Tm 6.3,4). A afirmação de
Paulo assume que a verdade é racional e seja o que for que
contradiga a verdade está errado. Este é o entendimento
cristão correto da verdade bíblica.
É a antítese do pensamento pós-modernista.
Existem algumas partes difíceis de entender na doutrina
cristã. Por exemplo, nós acreditamos que Deus é soberano
sobre a vontade humana "Como ribeiros de águas assim é o
coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu
querer, o inclina" (Pv 21.1). Não obstante, cremos que a
pessoa escolhe livremente de acordo com seus desejos de
modo que cada um é moralmente responsável por suas ações
"Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a
Deus" (Rm 14.12). Muitos acham essas verdades difíceis de
reconciliar; contudo não existe de fato nenhuma contradição
entre elas. A soberania de Deus não se encontra em conflito
com a responsabilidade humana. Os dois princípios
trabalham em perfeita harmonia, mesmo embora não seja
imediatamente óbvio para nós o como eles funcionam. Nós
também acreditamos na Trindade — que Deus é um em
essência, mas subsiste em três pessoas. Alguns tentam
caracterizar esta doutrina como contraditória, mas ela não é.
Nós não cremos que Deus é três no mesmo sentido em
que ele é um. Tais verdades não são contraditórias; elas não
são nem ao menos paradoxos no sentido em que os neoortodoxos
usam os termos. Elas são verdades difíceis que, no
máximo, requerem que exercitemos cuidado extra na
aplicação da lógica com rigor, mas nós não devemos pensar
que são irracionais. Elas não são.
Irracionalidade é equivalente à negação da verdade.
Precisamente porque acreditamos que a Bíblia é
objetivamente verdadeira, nós insistimos que ela deve ser
compreendida e interpretada racionalmente.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 23)

Veracidade

Agora, pois, Ó SENHOR Deus, tu mesmo és Deus, e as
tuas palavras são verdade, e tens prometido a teu servo este
bem. (2Sm 7.28)
Uma terceira palavra que estabelece o arcabouço para
uma cosmovisão cristã é veracidade. O Cristianismo
autêntico, como nós estamos vendo, está preocupado do
princípio ao fim com a verdade. A fé cristã não tem a ver primariamente
com sentimentos, embora sentimentos
profundos com certeza resultarão do impacto da verdade no
nosso coração. Não tem a ver com relações humanas, muito
embora as relações sejam o foco principal de muitos púlpitos
evangélicos atualmente. Não tem a ver com sucesso e
bênçãos terrenas, não importa quanto uma pessoa possa ter
essa impressão ao assistir os programas que dominam a
televisão religiosa estes dias.
O Cristianismo bíblico é todo sobre verdade. A revelação
objetiva de Deus (a Bíblia) interpretada racionalmente produz
verdade divina em medida perfeitamente suficiente. Tudo o
que nós precisamos saber para a vida e a piedade está se
encontra nas Escrituras (2Pe 1.3). Deus escreveu somente
um livro — a Bíblia. Ela contém toda a verdade pela qual ele
tenciona que orientemos nossa vida espiritual. Não temos
necessidade de consultar qualquer outra fonte de princípios
morais ou espirituais. As Escrituras não são apenas a
verdade inteira; elas são também o mais elevado padrão de
toda verdade — a regra pela qual todas as alegações de
verdade devem ser medidas.
Tal convicção é a exata antítese da noção pósmodernista
de que ninguém deve alegar conhecer a verdade
objetiva. E essa é outra grande razão pela qual o
Cristianismo tem sido bombardeado pelos proponentes do
inclusivismo pós-moderno.
O Cristianismo autêntico é a "fé que uma vez por todas
foi entregue aos santos" (Jd 1:3). A verdade cristã não está
sujeita a mudança ou emenda. Não é anulada por alterações
na opinião do mundo ou nos padrões do que possa ser
politicamente correto. Não precisa ser adaptada e redefinida
para cada nova geração.
Certamente que uma compreensão individual da
verdade pode ser refinada e apurada pelo estudo das
Escrituras, mas a verdade em si não necessita ser
reinventada ou remoldada a fim de se tomar apropriada para
os tempos em que vivemos. A mesma verdade em que
Abraão, Moisés, Davi e os apóstolos acreditavam é ainda
verdade para nós. Tempos mutáveis não mudam a verdade.
As Escrituras são imutáveis como também o próprio Deus: "
... a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente" (1Pe
1.25). Em outras palavras, nós precisamos adaptar nossa
compreensão à verdade da Palavra de Deus, não tentar
manipular as Escrituras num esforço vão de harmonizá-la
com opiniões mutáveis deste mundo.
A verdade das Escrituras é algo precioso que deve ser
cuidadosamente manejado e zelosamente guardado (1Tm
6.20). Mais uma vez, uma compreensão apropriada das
Escrituras envolve estudo consciencioso e diligente. Segundo
Timóteo 2.15 diz, "Procura apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade." Por implicação nós vemos
que todos os que não manejam as Escrituras corretamente,
são trabalhadores desleixados que devem ser envergonhados
A expressão traduzida por "maneja bem" vem da expressão
grega que significa "cortar reto."
Paulo estava utilizando sua própria experiência como
um fazedor de tendas e aplicando um princípio aprendido do
oficio para interpretação da Bíblia. Tendas eram feitas de
materiais como peles de cabras. Visto que cabras são
animais relativamente pequenos, nenhuma pele era grande o
suficiente para fazer uma tenda. Portanto, o fazedor de
tendas tinha de cortar muitas peles de cabras conforme um
padrão e costurá-las para fazer uma tenda grande.
Obviamente se os pedaços não fossem cortados retos eles não
se ajustariam apropriadamente. Então quando o apóstolo
Paulo diz que devemos "cortar reto" as Escrituras ele quer
dizer que as passagens individuais das Escrituras devem ser
interpretadas de modo que uma combina perfeitamente com
a outra de uma forma coerente e harmoniosa.
Em outras palavras ninguém tem o direito de ser um
teólogo se não for um exegeta. É impossível que você consiga
entender o todo se você não puder colocar todos os pedaços
juntos de forma correta. E se você for lidando de forma
errada com os pedaços eles não se ajustarão uns aos outros.
Interpretações errôneas não irão ao final se encaixar num
todo coerente. Você tem de interpretar as passagens
individuais corretamente (cortá-las de forma reta). Você faz
isso comparando as Escrituras com as Escrituras — ou seja,
deixando as Escrituras serem a regra pela qual se interpreta
as Escrituras. Quando isso é feito de forma correta — quando
você entendeu corretamente os textos das Escrituras — então
eles se encaixam uns aos outros, e o todo aparece da
maneira como Deus planejou.
Precisamente porque ela é a "palavra da verdade" tanto
no todo quanto em partes, as Escrituras se encaixam
perfeitamente. Este encaixe perfeito é uma das maneiras pela
qual nós sabemos que temos interpretado as seções das
Escrituras corretamente. Então as Escrituras corretamente
interpretadas apresentam a verdade. E esta verdade é a
substância de nossa mensagem.
Nos tempos de Paulo, da mesma forma que atualmente,
havia homens que buscavam posições de destaque no
ministério e liderança da igreja, mas não estavam realmente
preocupados com a verdade. Eles fabricavam sua mensagem
à medida que prosseguiam. Estavam aparentemente
buscando prestígio ou influência, ou algum outro tipo mais
sinistro de gratificação carnal. O ensinamento deles,
portanto, torcia a verdade. Paulo se referia a isso como
"falatórios inúteis e profanos" (2Tm 2.16). Essa afirmação
segue imediatamente após sua admoestação a Timóteo sobre
manejar bem a palavra da verdade.
Ele escreve, "Evita, igualmente, os falatórios inúteis e
profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade
ainda maior. Além disso, a linguagem deles corrói como
câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se
desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se
realizou, e estão pervertendo a fé a alguns" (2Tm 2.16-18).
Observe-se que o apóstolo Paulo não se importou em
citar os nomes. Ele não estava preocupado em ser
politicamente correto; ele estava preocupado com a verdade.
E os fornecedores de mentiras deviam ser identificados e
respondidos com a verdade. A verdade torcida deles estava de
fato derrubando a fé de alguns.
Verdade e fé são inseparavelmente entretecidas. As
pessoas não podem ter fé genuína fora da verdade. A fé real
envolve a concordância da mente e a submissão da vontade à
verdade. Então, se subtrair a verdade da equação você
derruba a fé, como Himeneu e Fileto estavam fazendo.
Você se dá conta de que a verdade é instrumental na
salvação? As pessoas não podem ser salvas sem ouvir e
abraçar a verdade. Romanos 6.17 diz, " ... graças a Deus
porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a
obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues." Em outras palavras, as pessoas são salvas
quando são libertas do erro para a sã doutrina a verdade.
Existe um sentido real no qual fomos salvos pela verdade.
Pedro escreve, "Tendo purificado a vossa alma, pela vossa
obediência à verdade" (1Pe 1.22). Nós somos regenerados
pela palavra da verdade (v. 23).
Portanto, a verdade é tudo para um cristão.
É por essa razão que somos chamados a refutar o erro,
defender a verdade e proclamar as Escrituras como a
suprema verdade contra toda mentira propagada pelo
mundo.
Eu temo que a igreja nesta época pós-moderna tenha
deixado de se concentrar nesse fato. Não é mais considerado
necessário lutar pela verdade. De fato, muitos evangélicos
agora consideram maus modos e descaridoso discutir sobre
qualquer ponto da doutrina. Até mesmo os erros grosseiros
são agora totalmente toleráveis em alguns ambientes em
nome de preservar a paz. Em lugar de manejar bem a Palavra
da verdade e proclamá-la como verdadeira, muitas igrejas
agora apresentam palestras, dramas, comédias e outras
formas de entretenimento motivacionais — enquanto ignoram
as grandes doutrinas da fé. Enquanto isso pessoas que
atacam a verdade de forma pretensamente erudita encontram
no meio evangélico editoras que publiquem os seus escritos e
são honradas como se tivessem profundo entendimento.
Precisamos recuperar nosso amor pela verdade bíblica,
bem como nossa convicção de que ela é verdade indiscutível.
Nós temos a verdade num mundo em que a maioria das
pessoas está simplesmente vagando sem rumo em ignorância
desesperada. Precisamos proclamar do topo dos telhados e
parar de brincar com aqueles que sugerem que nós estamos
sendo arrogantes se alegarmos que sabemos alguma coisa
como certo.
Nós temos a verdade, não porque somos mais
inteligentes ou melhores do que outros, mas porque Deus a
revelou nas Escrituras e foi gracioso em abrir nossos olhos
para vê-la. Estaríamos pecando se tentássemos guardar a
verdade só para nós mesmos.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 30)

Autoridade

Maravilhavam-se da sua doutrina, porque
os ensinava como quem tem autoridade e
não como os escribas. (Mc 1.22)
Um entendimento da autoridade da Bíblia é a quarta
pedra fundamental para uma cosmovisão cristã. Visto que
acreditamos que as Escrituras são verdadeiras, nós devemos
proclamá-las com convicção, sem transigir e sem nos
desculparmos. A Bíblia faz alegações ousadas e os cristãos
que crêem nela devem afirmá-las com ousadia.
Qualquer pessoa que fielmente e corretamente proclama
a Palavra de Deus irá falar com autoridade. Não é a nossa
autoridade. Nem ao menos é a autoridade eclesiástica ligada
ao oficio de um pastor ou professor na igreja. É uma
autoridade ainda maior que essa. Na medida que nosso
ensino reflete com precisão a verdade das Escrituras, ele tem
o peso total da própria autoridade de Deus. Este é um
pensamento surpreendente, mas é precisamente como
1Pedro 4.11 nos instrui em como manusear a verdade
bíblica: "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de
Deus."
Esta é naturalmente uma profunda ameaça à tolerância
de uma sociedade que ama seu pecado e pensa que
transigência é uma coisa boa. Falar ousadamente e declarar
que Deus falou com finalidade não é moda nem politicamente
correto, mas se nós cremos verdadeiramente que a Bíblia é a
Palavra de Deus, como podemos manuseá-la de outra
maneira?
Muitos evangélicos modernos, amedrontados pelas
exigências do pós-modernismo, alegam crer nas Escrituras,
mas depois se abstém de proclamá-la com qualquer
autoridade. Eles estão dispostos a falar sobre a verdade das
Escrituras, mas na prática eles a desnudam de sua
autoridade, tratando-a apenas como mais uma opinião num
grande mix de idéias pós-modernas.
Nem as Escrituras nem o bom senso irão permitir tal
postura. Se a Bíblia é verdadeira então ela tem também
autoridade. Como verdade divinamente revelada ela carrega o
peso inteiro da própria autoridade de Deus. Se você alega
crer na Bíblia de algum modo, você finalmente tem de se
curvar à sua autoridade. Isto significa fazer dela o final
árbitro da verdade — a regra pela qual toda opinião é
avaliada.
A Bíblia não é apenas uma outra idéia para ser jogada
numa discussão pública e aceita ou rejeitada como o
indivíduo desejar. É a Palavra de Deus e exige ser recebida
como tal, com a exclusão de todas as outras opiniões.
Obviamente, essa maneira de avaliar a verdade é
impopular hoje. Segundo a nova tolerância pós-moderna,
todo mundo tem direito a ter sua própria opinião de acordo
com suas preferências; toda crença tem de receber igual
respeito; e ninguém deve alegar superioridade para qualquer
ponto de vista.
Com efeito, então, a tolerância pós-moderna implica em
total rejeição de todo conceito de autoridade divina. Ela
acarreta uma negação de que Deus verdadeiramente falou,
ou no mínimo, uma negação de que suas palavras têm
qualquer autoridade real.
Como cristãos nós enfrentamos uma escolha clara: ou
acompanhar o espírito da época e reduzir a autoridade das
Escrituras, ou aceitar as Escrituras e colocar sua autoridade
e nós mesmos contra o resto do mundo. Nosso dever é claro
(Tg 4.4).
Não obstante, parece que muitos dos líderes da
comunidade evangélica, pessoas que são vistas e ouvidas,
estão temerosos de afirmar a autoridade bíblica. Raramente o
pregador evangélico fala claramente ao mundo com um
autorizado "Assim diz o Senhor." Como é que nós chegamos
ao ponto em que podemos aceitar como autoridade a opinião
de um advogado, um médico, um arquiteto, mas não
podemos tolerar a autoridade da Palavra de Deus?
Será que os evangélicos ainda acreditam sem reservas
que a verdade bíblica tem autoridade divina? Evidentemente
não. Tem se tomado moda falar sobre o choque entre verdade
e erro como um "diálogo." Toda vez que um conflito se levanta
entre o Cristianismo e outro ponto de vista, alguns líderes
evangélicos convocam um diálogo com os defensores do outro
ponto de vista. Na última década líderes evangélicos bem
conhecidos têm patrocinado diálogos formais com uma
variedade ampla de figuras religiosas não-cristãs, líderes de
seitas, defensores de vários estilos de vida e representantes
de praticamente todo ponto de vista que é hostil ao
Cristianismo bíblico.
Pouco após o evento terrorista de 11 de setembro nos
Estados Unidos da América, uma de suas mais conhecidas
igrejas evangélicas patrocinou um diálogo com um clérigo
islâmico (imam) no culto de adoração do final de semana,
ostensivamente para reunir cristãos e muçulmanos. "Eu
achei muito interessante ver o quanto nós temos em
comum," disse um membro da igreja a um repórter depois do
culto. Outro disse que o diálogo com o imam tinha "aberto
portas para comunicar e mostrou que os muçulmanos são
gente do mesmo jeito que nós." Segundo o repórter que
cobria o evento, aquelas respostas eram "o tipo de impacto
que o pastor desejava."1
Por quê tais diálogos sempre parecem minimizar as
diferenças entre o Cristianismo e a falsa religião — e nunca
traçar linhas de distinção mais claramente?
A verdade bíblica é para ser proclamada com
autoridade, não colocada na mesa para discussão apenas
como uma alternativa possível entre outros pontos de vista.
O conflito entre verdade bíblica e crenças rivais não é
assunto para ser resolvido por meio de diálogo. Essa é uma
guerra espiritual não uma festa descontraída. Ela deve ser
vista como um combate não uma conversação. Nós
recebemos ordens de destruir as fortalezas do pensamento
anti-bíblico " ... e toda altivez que se levante contra o
conhecimento de Deus ... levando cativo todo pensamento à
obediência de Cristo" (2Co 10.5).
Mas as igrejas têm se tornado tão efeminadas e fracas
nestes tempos que os mais evangélicos parecem pensar que
tal postura de militância contra o erro é inconveniente e
demasiado severa. Os cristãos têm virtualmente se rendido
na batalha pela verdade. Como resultado, a comunidade
evangélica se tornou um lugar onde as pessoas podem
advogar virtualmente qualquer coisa ou promover quase
qualquer doutrina, e a única coisa que ninguém pode dizer é
que alguém está errado.
Existe até um nome para a nova perspectiva: É chamada
"hermenêutica da humildade." Um resumo da proposta de
um seminário no assunto diz o seguinte:
O curso visa auxiliar os alunos a aprenderem a formular
uma nova teologia e métodos que são relevantes e
significativos no mundo pluralista, multicultural, pósmoderno,
no qual somos chamados a ministrar. É
basicamente uma tentativa de articular uma hermenêutica...
Baseada no diálogo, um esforço sincero de extrapolar os
limites dos pontos de vista individual, isto é, uma
hermenêutica da humildade.2
Um outro que defende o mesmo objetivo diz, Os cristãos
devem destilar as preciosas percepções do pós-modernismo
com sua cultura multicultural e desconstruída.
Nós precisamos extrair desta crítica radical o que é
apropriado para uma visão cultural cristã renovada —
desenvolvendo uma hermenêutica da humildade. Nós
precisamos dar um exemplo de uma postura cultural nãotriunfalista,
que ouve e confessa.
Mas a Bíblia nada sabe da tal "hermenêutica" baseada
no diálogo com outros pontos de vista. Nossa pregação das
Escrituras deve ter autoridade. Em Tito 2.1, o apóstolo Paulo
disse a um jovem pregador, "Tu, porém, fala o que convém à
sã doutrina" (Tt 2.1). No final deste mesmo capítulo ele
acrescentou, "Dize estas coisas; exorta e repreende também
com toda a autoridade. Ninguém te despreze" (Tt 2.15). A
palavra traduzida como "desprezar" é o termo grego
kataphroneo, que literalmente significa "pensar ao redor."
Paulo está dizendo a Tito, "Não deixa ninguém te iludir; não
deixa ninguém frustrar a verdade. Prega a sã doutrina;
ensina e exorta as pessoas com autoridade que é inerente na
Palavra de Deus, e confronta ou repreende as pessoas que se
opõe à verdade."
Nas palavras de 1 Timóteo 4.11: "Ordena e ensina estas
coisas" (ênfase acrescentada).
Isso não significa que devamos ser abusivos ou
grosseiros, naturalmente. É possível ser ao mesmo tempo
ousado e caridoso e esse é o equilíbrio que nós precisamos
buscar. Paulo diz em Efésios 4.15 que devemos falar "a
verdade em amor", mas proclamá-la com a devida
autoridade.
Não existe nenhum outro meio genuíno de manusear a
verdade bíblica. Ela é afinal a verdade bíblica revelada pelo
próprio Deus e deve ser proclamada como tal.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 35)

Incompatibilidade

À lei e ao testemunho! Se eles não falarem
desta maneira, jamais verão a alva. (Is 8.20)
As Escrituras dizem que "mentira alguma jamais
procede da verdade" (1Jo 2.21). Como cristãos nós sabemos
que seja o que for que contradiga a verdade bíblica é, por
definição, falso. Em outras palavras, a verdade é
incompatível com o erro. Incompatibilidade é, portanto, uma
quinta palavra essencial para descrever uma cosmovisão
bíblica.
Claramente e sem rodeios, Jesus afirmou a total
exclusividade do Cristianismo. Ele disse, "Eu sou o caminho,
e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo
14.6). ". não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do
céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual importa que sejamos salvos" (At 4.12).
Obviamente este tipo de exclusividade é
fundamentalmente incompatível com a tolerância pósmoderna.
Como cristãos nós devemos entender que seja o que for
que se oponha à Palavra de Deus ou de alguma maneira se
afaste dela é um perigo à causa da verdade. Passividade em
relação ao erro conhecido não é uma opção para o cristão. A
intolerância para com o erro encontra-se permeada nas
próprias Escrituras. E tolerância para com o erro conhecido é
tudo menos uma virtude.
Verdade e erro não podem ser combinadas para produzir
algo bom. Elas são incompatíveis da mesma forma que a luz
e as trevas. "Não vos ponhais em jugo desigual com os
incrédulos; porquanto, que sociedade pode haver entre a
justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as
trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que
união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o
santuário de Deus e os ídolos?" (2Co 6.14-16).
Nós não podemos dizer ao mundo, "Isto é verdade, mas,
seja lá o que for que você quiser acreditar, também está
bem." Não está bem. As Escrituras nos ordenam a ser
intolerantes para com qualquer idéia que negue a verdade.
Para que ninguém entenda mal, eu não estou
defendendo dogmatismo em nenhum tema teológico.
Algumas coisas nas Escrituras não são perfeitamente claras.
Nas palavras da Confissão de Fé de Westminster, "Todas as
coisas, por si mesmas, não são igualmente claras nas
Escrituras, nem igualmente evidentes a todos" (1.7).
Algumas vezes nós não podemos reconstruir o contexto
histórico para entender uma dada passagem. Um exemplo
notável é a menção dos que "se batizam por causa dos
mortos" em 1Coríntios 15.29. Existem pelo menos quarenta
idéias diferentes sobre o que este versículo significa. Nós não
podemos ser dogmáticos sobre tais coisas, mas essas são
raridades nas Escrituras.
O ensinamento central das Escrituras é simples e tão
claro que até mesmo uma criança pode entendê-la O
caminho da salvação em particular é tão claro que "quem
quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o louco" (Is
35.8). E nas palavras da Confissão de Fé de Westminster
novamente, "não obstante, aquelas coisas que precisam ser
conhecidas, cridas e observadas para a salvação são tão
claramente expostas e visíveis, em um ou outro lugar da
Escritura, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no
devido uso dos meios ordinários, podem alcançar um
suficiente entendimento delas" (1.7).
Toda a verdade que é necessária para a salvação é
facilmente entendida de um modo verdadeiro por qualquer
pessoa que aplica o bom senso e devida diligência em buscar
entender o que a Bíblia ensina. E essa verdade — o cerne da
mensagem das Escrituras — é incompatível com qualquer
outro sistema de crença. Sobre isso nós temos de ser
dogmáticos.
Não é de se admirar que o pós-modernismo, que se
orgulha de ser tolerante com todo ponto de vista oposto, seja
contudo hostil ao Cristianismo bíblico. Até o mais
determinado pós-modernista reconhece que o Cristianismo
bíblico é por sua natureza totalmente incompatível com uma
posição de abertura mental indiscriminada. Se aceitarmos o
fato de que a Escritura é a verdade objetiva com a autoridade
de Deus, nós seremos obrigados a ver que todo outro ponto
de vista não é igualmente ou potencialmente válido.
Não há necessidade de buscar um terreno comum
através de diálogo com proponentes de pontos de vista
anticristãos, como se a verdade pudesse ser refinada pelo
método dialético. É loucura pensar que a verdade dada por
revelação divina precisa de qualquer refino ou atualização.
Nem tampouco devemos imaginar que nós podemos
encontrar os pontos de vista opositores em algum terreno
neutro filosófico. O terreno entre nós não é neutro. Se nós
realmente acreditamos que a Palavra de Deus é verdadeira,
nós sabemos que toda oposição é um erro. E somos
instruídos a não ceder qualquer espaço ao erro.
Em 2João 1.9-11 o apóstolo João escreveu, "Todo aquele
que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece
não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto
o Pai como o Filho”. Se alguém vem ter convosco e não traz
esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boasvindas.
“Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se
cúmplice das suas obras más." Isso é que é
incompatibilidade' Nosso amor pela verdade demanda uma
intolerância do erro. Para ser claro, o apóstolo não estava
advogando rudeza nem falta de hospitalidade para com os
descrentes em geral (Novamente, a Escritura claramente nos
ordena a mostrar amor e bondade mesmo para com nossos
inimigos), mas João estava tratando com o problema dos
falsos mestres itinerantes na igreja primitiva. Tipicamente,
aqueles qualificados para ensinar a doutrina naquele tempo
viajavam de cidade em cidade e buscavam abrigo nos lares
dos crentes. João estava dizendo que quando um conhecido
fornecedor de falsas doutrinas viesse buscando acomodação,
não era para ele ser recebido na comunhão; não era para ele
receber hospitalidade grátis; não era para ele receber
encorajamento de nenhuma espécie — especialmente uma
acolhida que significasse apoio ao seu trabalho de ensinar
falsas doutrinas. A antítese entre verdade e erro era tão
importante que os crentes tinham o dever sagrado de deixar
clara a desaprovação deles a qualquer um que
deliberadamente corrompesse a verdade com mentiras.
De modo semelhante o apóstolo Paulo escreveu, " ...
ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue
evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema [maldito]. “Assim, como já dissemos, e agora repito,
se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que
recebestes, seja anátema" (Gl1. 8,9). A fala é pesada, mas o
ponto é clara: quando alguém torcer a verdade fundamental
do evangelho, mesmo que ele seja um anjo ou um apóstolo,
que seja amaldiçoado.
Advertências contra falsos mestres enchem o Novo
Testamento. É um tema importante nas epístolas pastorais,
2Pedro, Judas e 2João. Tudo o que for anti-bíblico —
incluindo toda falsidade, qualquer má interpretação das
Escrituras e toda heresia — não é para ser tolerado por
aqueles que amam a verdade. É um perigo para a verdade e
uma desonra à verdade de Deus. Uma cosmovisão bíblica é
incompatível com qualquer tipo de tolerância de mentiras.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 40)

Integridade

A integridade dos retos os guia; mas, aos
pérfidos, a sua mesma falsidade os destrói.
(Pv 11.3)
Completando nossa lista de princípios simples para uma
cosmovisão bíblica temos a palavra integridade. Esta flui
naturalmente de todos os princípios precedentes. Visto que o
Cristianismo coloca tal alta ênfase na verdade, nós devemos
reconhecer que integridade é uma virtude essencial e a
hipocrisia um vício terrível.
Integridade é a qualificação bíblica essencial para todo o
ministério. Em toda lista de qualificação para líderes da
igreja no Novo Testamento, um pré-requisito encabeça a lista:
O homem que deve ocupar um cargo na igreja deve ser
"irrepreensível" (1Tm 3.2,10; Tt 1.6,7).
Sucesso nos negócios seculares, habilidade em relações
públicas ou outros talentos mundanos não são o que
qualifica um homem para liderança na igreja. A suprema e
primária qualificação em todos os níveis da liderança da
Igreja é integridade — amor pela verdade e consistência em
vivê-la na prática. Ignorar este princípio é sacrificar o valor
que nós atribuímos à verdade como cristãos.
Em outras palavras, se nós realmente acreditamos que a
verdade das Escrituras objetiva e entendida racionalmente é
tanto autoridade quanto incompatível com o erro, visto que a
Bíblia é a Palavra singular do Deus vivo — devemos não
apenas pregá-la, mas devemos vivê-la também. Não basta
falar da boca para fora. Se verdadeiramente cremos que a
Bíblia é a verdade divina, devemos deixar que ela permeie
nossa vida e ministério. Viver de outra maneira é equivalente
a negar a verdade. As pessoas que pensam de modo
diferente, "No tocante a Deus, professam conhecê-lo;
entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são
abomináveis desobedientes e reprovados para toda boa obra"
(Tt 1.16).
Esdras, o sumo sacerdote nos tempos de Neemias, é o
protótipo do que todo ministro piedoso deve ser. "Esdras
tinha disposto o coração para buscar a lei do SENHOR, e
para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e
os seus juízo s" (Ed 7.10, ênfase acrescentada).
Eu aprendi essa lição com meu pai, que foi pastor toda
sua vida e um modelo de integridade, como também o foi
meu avô antes dele. Eu comecei a entender quão difícil pode
ser a luta logo quando comecei meu ministério aos vinte e
poucos anos. Eu estava pastoreando havia apenas um mês
quando fui solicitado a realizar o casamento de uma moça de
nossa igreja que estava planejando se casar com um nãocrente.
Numa reunião do conselho da igreja alguns dos
líderes insistiram comigo para realizar o casamento, visto que
o pai da noiva era um homem influente. Havia muito em jogo.
Poderíamos perder essa família na igreja se eu me recusasse.
Eu disse, "mas eu não posso fazer isso. Eu não posso
fazer o que as Escrituras claramente proíbem. Os crentes não
devem se colocar em jugo desigual com os incrédulos,
segundo Coríntios 6.14."
Eles estavam esperando isso. Então responderam, "Bem,
está certo. Nós entendemos seus sentimentos. Nós
conhecemos um pastor de outra igreja que aceita realizar a
cerimônia na nossa igreja."
Então eu lhes perguntei, "mas de quem é esta igreja? É
de vocês para fazerem como bem entenderem ou é de Cristo?"
Eles responderam, felizmente como deviam, "Você está
certo; nós não podemos fazer isso. Esta igreja é de Cristo."
Essa experiência foi o Rubicão1 para a Grace
Community Church. Esse foi o momento em que o futuro da
nossa congregação foi decidido. De fato uma família inteira
saiu da igreja e muitos outros membros saíram também por
causa desse incidente, mas naquele dia nós decidimos como
presbíteros, que não iríamos apenas pregar a Palavra de
Deus; nós esperávamos que ela fosse vivida na vida
comunitária da igreja.
Tal tipo de obediência à Palavra de Deus tem modelado e
moldado nosso ministério com o passar dos anos. Ela é
aparente mesmo na maneira como nós cultuamos. Nós não
entretemos as pessoas. Nós não apresentamos um espetáculo
de circo. Nós nos reunimos para adorar a Deus, para exaltar
a Cristo e para ouvir a pregação da Palavra de Deus. Nós
praticamos a disciplina de igreja conforme Mateus 18.15-20.
Nós buscamos obedecer o que as Escrituras pregam, sem
importar com o quão politicamente incorreto ou fora de moda
possa parecer. E num tempo em que muitas igrejas estão se
tornando mais e mais como o mundo, nosso objetivo é nos
conformarmos mais e mais com os padrões estabelecidos nas
Escrituras. Deus tem abençoado isso e eu estou convencido
que é porque os presbíteros têm buscado elevar o padrão de
integridade bíblica em todos os níveis da liderança.
Infelizmente, o movimento evangélico hoje está se
desviando desses princípios fundamentais e tem começado a
abraçar as idéias pós-modernas indiscriminadamente. Os
evangélicos estão perdendo a sua base; a confiança das pessoas
nas Escrituras está erodindo; e a igreja está perdendo
seu testemunho. Cada vez menos cristãos estão dispostos a
se posicionar contra a tendência desta geração e os efeitos
tem sido desastrosos. Subjetivismo, irracionalidade,
mundanismo, incerteza, transigência e hipocrisia já têm se
tomado o lugar comum entre as igrejas e organizações que no
passado constituíam a corrente evangélica.
A única cura, eu estou convencido, é a rejeição
consciente total dos valores pós-modernos e um retorno para
estes seis princípios distintivos do Cristianismo bíblico. Nós
devemos ser fiéis em guardar o tesouro da verdade que nos
foi confiado (2Tm 1.14). Se não o fizermos, quem o fará?
(Princípios para uma cosmovisão bíblica - john MacArthur Jr. Pg.44)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Regeneração e Vocação Eficaz

A. Termos Bíblicos Para a Regeneração e Suas Implicações.
1. OS TERMOS QUE ENTRAM EM CONSIDERAÇÃO. O vocábulo grego para “regeneração” (palingenesia) só se acha em Mt 19.28 e Tt 3.5, e somente nesta última passagem se refere ao início da nova vida do cristão individual. A idéia deste início é mais comumente expressa pelo verbo gennao (com anothen em Jo 3.3), ou seu composto anagennao. Estas palavras significam, ou gerar, gerar de novo, ou dar à luz, dar nascimento, Jo 1.13; 3.3, 4, 5, 6, 7, 8; 1 Pe 1.23; 1 Jo 2.29; 3.9; 4.7; 5.1, 4, 18. Numa passagem, a saber, Tg 1.18, é empregada a palavra apokyeo, dar à luz, gerar, produzir. Ademais, a idéia da produção de uma nova vida é expressa pela palavra ktizo, criar, Ef 2.10, e o produto desta nova criação é chamada kaine ktisis (nova criatura), 2. Co 5.17; Gl 6.15, ou kainos anthropos (novo homem), Ef 4.24. Finalmente, o termo syzoopoieo, dar vida com, vivificar com, também é empregado num par de passagens, Ef 2.5; Cl 2.13.
2. IMPLICAÇÕES DESTES TERMOS. Estes termos levam consigo várias implicações importantes, para as quais se deve dirigir a atenção. (a) A regeneração é uma obra criadora de Deus e, portanto, é uma obra na qual o homem é puramente passivo, e na qual não há lugar para cooperação humana. Este é um ponto muito importante, visto que salienta o fato de que a salvação é totalmente de Deus. (b) A obra criadora de Deus produz uma vida nova, em virtude da qual o homem, vivificado com Cristo, participa da vida ressurreta e pode ser chamado nova criatura, havendo sido criado “em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”, Ef 2.10. (c) Devemos distinguir dois elementos da regeneração, quais sejam, geração ou produção da nova vida, e o dar à luz ou o nascimento, pelo qual a nova vida é trazida à luz, retirada das suas recônditas profundezas. A geração implanta o princípio da nova vida na alma, e o novo nascimento faz que este princípio se ponha a afirmar-se em ação. Esta distinção é de grande importância para o exato entendimento da regeneração.
(Teologia Sistemática – Lois Berkhof. Pg. 462)

Emprego do Termo Regeneração na Teologia

1. NA IGREJA PRIMITIVA E NA TEOLOGIA CATÓLICA ROMANA. No modo de entender a Igreja Primitiva o termo “regeneração” não representava um conceito agudamente definido. Era utilizado para indicar uma mudança estreitamente ligada à purificação dos pecados, e não se fazia clara distinção entre a regeneração e a justificação. Identificada com a graça batismal, aquela era entendida especialmente como um designativo da remissão dos pecados, embora não estivesse excluída a idéia de certa renovação moral. Mesmo Agostinho não traçou uma linha incisiva aí, mas distinguia entre a regeneração e a conversão. Para ele, a regeneração inclui, em acréscimo à remissão do pecado, somente uma mudança inicial do coração, seguida por uma conversão posterior. Ele a concebia como uma obra estritamente monergista de Deus, na qual o sujeito humano não pode cooperar e à qual o homem não pode resistir. Para Pelágio, naturalmente, “regeneração” não significava o nascimento de uma nova natureza, mas o perdão dos pecados no batismo, a iluminação da mente pela verdade e a estimulação da vontade pelas promessas divinas. A confusão de regeneração e justificação, já visível em Agostinho, tornou-se mais pronunciada ainda no escolasticismo. De fato, a justificação tornou-se o conceito mais proeminente dos dois, era entendida como incluindo a regeneração, e era concebida como um ato no qual Deus e o homem cooperam. A justificação, de acordo com a descrição comum, inclui a infusão da graça, isto é, o nascimento de uma nova criatura ou a regeneração, e o perdão do pecado e a remoção da culpa ligando-se a ela. Contudo, havia uma diferença de opinião quanto a qual destes dois elementos é o primeiro fator lógico. Segundo Tomaz de Aquino, a infusão da graça vem primeiro, e o perdão de pecados, pelo menos em certo sentido, baseia-se nesta; mas segundo Duns Scotus, o perdão de pecados é o primeiro e serve de base para a infusão da graça. Ambos os elementos são efetuados pelo batismo, ex opere operato (pela ação do próprio objeto). A opinião de Tomaz de Aquino foi vitoriosa na igreja. Até nos dias atuais há uma certa confusão de regeneração e justificação na Igreja Católica Romana, confusão sem dúvida devida em grande parte ao fato de que a justificação não é concebida como um ato forense, mas como um ato ou processo de renovação. Nela o homem não é declarado, mas feito justo. Diz Wilmers, em seu Manual da Religião Cristã (Handbook of the Christian Religion): “Como a justificação é uma renovação ou regeneração, segue-se que o pecado é realmente destruído por ela, e não, como sustentavam os Reformadores, apenas coberto, ou não mais imputado”.
2. PELOS REFORMADORES E NAS IGREJAS PROTESTANTES. Lutero não escapou inteiramente da confusão da regeneração com a justificação. Além disso, ele falava da regeneração ou do novo nascimento num sentido muito amplo. Calvino também usava o termo num sentido muito compre, como um designativo de todo o processo pelo qual o homem é renovado, incluindo, além do ato divino que origina a nova vida, também a conversão (arrependimento e fé) e a santificação. Vários escritores do século dezessete não distinguiam entre a regeneração e a conversão, e empregavam os dois termos um pelo outro, tratando daquilo que agora denominamos regeneração sob o nome de vocação ou chamamento eficaz.* Os Cânones de Dort também utilizam as duas palavras sinonimamente, e a Confissão Belga parece falar da regeneração num sentido mais amplo ainda, Este uso abrangente do termo “regeneração” muitas vezes levou à confusão e à desatenção a distinções muito necessárias. Por exemplo, enquanto que a regeneração e a conversão eram identificadas, ainda se declarava que a regeneração era monergista, a despeito do fato de que na conversão é certo que o homem coopera. A distinção entre a regeneração e a justificação já tinha ficado mais clara, mas gradativamente se tornou também necessário e costumeiro empregar o termo “regeneração” num sentido mais restrito. Turretino define dois tipos de conversão: primeiro, uma conversão “habitual” ou passiva, a produção de uma disposição ou um hábito da alma que, observa ele, poderia ser melhor denominada “regeneração”; e, segundo, uma conversão “real” ou “ativa”, na qual esta disposição ou este hábito implantado se torna ativo na fé e no arrependimento. Na teologia reformada (calvinista) do presente, a palavra “regeneração” é geralmente usada num sentido mais restrito, como um designativo do ato divino pelo qual o pecador é dotado de nova vida espiritual, e pelo qual o princípio dessa nova vida é posto em ação pela primeira vez. Assim concebida, ela inclui tanto a nova geração como o novo nascimento, em que a nova vida se torna manifesta. Contudo, em estrita harmonia com o sentido literal da palavra “regeneração”, o termo é às vezes empregado num sentido ainda mais limitado, para denotar simplesmente a implantação da nova vida na alma, sem as primeiras manifestações desta vida.
Na teologia “liberal” moderna, o termo “regeneração” adquiriu um sentido diferente. Schleiermacher distinguia dois aspectos da regeneração, a saber, a conversão e a justificação, e afirmava que na regeneração “uma nova consciência religiosa é produzida no crente pelo espírito cristão comum da comunidade, e a nova vida, ou a ‘santificação’, constitui o seu aparelhamento” (Pfleiderer). Esse “espírito cristão da comunidade”, é resultado de um influxo da vida divina, mediante Cristo, na igreja, e é chamado “Espírito Santo” por Schleiermacher. O conceito modernista foi bem exposto com estas palavras de Youtz: “A interpretação moderna inclina-se a regressar ao emprego simbólico do conceito de regeneração. As nossas realidades éticas lidam com caracteres transformados. Assim, a regeneração expressa uma mudança ética, radical, vital, e não um início metafísico absolutamente novo. A regeneração é um passo vital no desenvolvimento natural da vida espiritual, um radical reajustamento aos processos morais da vida”. Os estudiosos da psicologia da religião geralmente deixam de distinguir entre regeneração e conversão. Consideram-na como um processo no qual a atitude do homem para com a vida muda do autocêntrico para o heterocêntrico. Ela acha sua explicação primariamente na vida subconsciente, e não envolve necessariamente nada de sobrenatural. Diz William James: “Converter-se, ser regenerado, receber a graça, ter experiência religiosa, obter segurança, são muitas das frases que denotam o processo, gradual ou súbito, pelo qual um ego até então dividido e conscientemente errado, inferior e infeliz, torna-se unificado e conscientemente certo, superior e feliz, em conseqüência do seu apego mais firme às realidades religiosas”. Segundo Clark, “Os estudiosos concordaram em discernir três passos distintos da conversão: (1) Um período de ‘turbulência e tensão’, ou de senso do pecado, ou de sentimento de desarmonia interior, conhecida na teologia como ‘convicção de pecado’ e designada por James como ‘ doença da alma’. (2) Uma crise emocional que marca um ponto decisivo. (3) Uma subseqüente descontração aliada a uma sensação de paz, repouso e harmonia interior, aceitação da parte de Deus, e, não infreqüentemente, a reflexos motores e sensoriais de várias espécies”.
(Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 464)

A Natureza Essencial da Regeneração

Relativamente à natureza da regeneração, há diversos conceitos errôneos que devem ser evitados. Podemos muito bem mencionar primeiro estes, antes de expor as qualificações positivas desta obra recriadora de Deus.
1. CONCEITOS ERRÔNEOS. (a) A regeneração não é uma mudança ocorrida na substância da natureza humana, como o ensinavam os maniqueus e, nos dias da Reforma, Flácio Illírico, que concebiam o pecado original como uma substância, a ser substituída por outra substância na regeneração. Nenhuma nova semente física, nenhum germe físico é implantado no homem: tampouco há qualquer adição ou subtração às faculdades da alma. (b) Também é simplesmente uma mudança ocorrida numa ou mais faculdades da alma, como, por exemplo, da vida emocional (sentimento ou coração), pela remoção da aversão às coisas divinas, como alguns conservadores a concebem; ou do intelecto, pela iluminação da mente que se acha obscurecida pelo pecado, como a consideram os racionalistas. Ela afeta o coração, compreendido no sentido bíblico da palavra, isto é, como o órgão central e totalmente dominante da alma, do qual “procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). quer dizer que a regeneração afeta a natureza humana em sua totalidade. (c) Também não é uma mudança completa ou perfeita da natureza total do homem, ou de alguma parte dela, de sorte que ela não é mais capaz de pecar, como o ensinavam os anabatistas extremos e algumas outras seitas fanáticas. Não significa que, em princípio, ela não afeta a natureza inteira do homem, mas somente que não constitui a mudança completa, que é produzida no homem pela operação do Espírito Santo. Ela não abrange a conversão e a santificação.
(Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 464)

CARACTERÍSTICAS POSITIVAS DA REGENERAÇÃO

Podem ser feitas as seguintes asserções positivas a respeito da regeneração:
a. A regeneração consiste na implantação do princípio da nova vida espiritual no homem, numa radical mudança da disposição dominante da alma, que, sob a influência do Espírito Santo, dá nascimento a uma vida que se move em direção a Deus. Em princípio, esta mudança afeta o homem completo: o intelecto, 1 Co 2.14, 15; 2 Co 4.6; Ef 1.18; Cl 3.10; a vontade, Sl 110.3; Fp 2.13; 2 Ts 3.5; Hb 13.21; e os sentimentos ou emoções, Sl 42.1; Mt 5.4; 1 Pe 1.8.
b. É uma transformação instantânea da natureza do homem, afetando imediatamente o homem todo, intelectual, emocional e moralmente. A afirmação de que a regeneração é uma mudança instantânea implica duas coisas: (1) que não é uma obra que vai sendo levada a efeito gradativamente na alma, como ensinam os católicos romanos e todos os semi-pelagianos; não há nenhum estágio intermediário entre a vida e a morte; ou a pessoa vive ou está morta; e (2) que não é um processo gradual como a santificação. É verdade que alguns escritores reformados (calvinistas) empregaram ocasionalmente o termo “regeneração” como incluindo até a santificação, mas isso foi no tempo em que a ordo salutis não estava tão completamente desenvolvida como está hoje.
c. Em seu sentido mais limitado, é uma mudança que ocorre na vida subconsciente. É uma secreta e inescrutável obra de Deus que o homem nunca percebe diretamente. A mudança pode ter lugar sem que o homem esteja cônscio dela momentaneamente, se bem que não é o que se dá quando a regeneração e a conversão coincidem; e mesmo mais tarde ele só pode percebe-la em seus efeitos. Isto explica por que um cristão pode, por um lado, lutar durante longo tempo com dúvidas e incertezas e, não obstante, pode, por outro lado, domina-las paulatinamente e ascender às alturas da segurança.
(Teolgia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 466)

DEFINIÇÃO DE REGENERAÇÃO

Do que acima foi dito sobre o emprego atual da palavra “regeneração”, segue-se que se pode definir a regeneração de duas maneiras. No sentido mais restrito da palavra, podemos dizer: Regeneração é o ato de Deus pelo qual o princípio da nova vida é implantado no homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa. Mas, a fim de incluir a idéia do novo nascimento, como também a da nova geração, será necessário complementar a definição com as seguintes palavras: “... e o primeiro exercício santo desta nova disposição é assegurado”.
D. A Vocação Eficaz em Relação à Vocação Externa e à Regeneração.
1. SUA INSEPARÁVEL CONEXÃO COM A VOCAÇÃO EXTERNA. Pode-se dizer que a vocação de Deus é uma só, e a distinção ente uma vocação externa e uma vocação interna ou eficaz simplesmente chama a atenção para o fato de que esta vocação única tem dois aspectos. Não significa que estes dois aspectos estão sempre unidos e sempre andam juntos. Não asseveramos, com os luteranos, que “a vocação interna é sempre concorrente com o ouvir a palavra”. Significa, porém, que onde a vocação interna chega aos adultos, é medida pela pregação da Palavra. A mesma Palavra ouvida na vocação externa torna-se eficiente no coração, na vocação interna. Pela poderosa aplicação feita pelo Espírito Santo, a vocação externa passa direto para a vocação interna. Mas,embora esta vocação esteja estreitamente relacionada com a vocação externa e forme uma unidade com ela, há certos pontos de diferença: (a) É uma vocação pela Palavra, salvadoramente aplicada pela operação do Espírito Santo, 1 Co 1.23, 24; 1 Pe 2.9; (b) É uma vocação poderosa, isto é, uma vocação que é eficaz para a salvação, At 13.48; 1 Co 1.23, 24; e (c) É sem arrependimento, isto é, não está sujeita a mudança e jamais será retirada, Rm 11.29.
(Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 467)

CARACTERÍSTICAS DA VOCAÇÃO INTERNA

Devemos notar as seguintes características:
a. Ela age por meio da suasão moral, mais a poderosa operação do Espírito Santo. Surge a questão sobre se nesta vocação (como distinta da regeneração) a Palavra de Deus age de maneira criadora, ou pela persuasão moral. Pois bem, não há dúvida de que às vezes se diz que a Palavra de Deus age de maneira criadora, Gn 1.3; Sl 33.6, 9; 147.15; Rm 4.17 (embora se possa interpretar isto diferentemente). Mas estas passagens se referem à Palavra do poder de Deus, ao Seu mando cheio de autoridade, e não à palavra da pregação da qual nos ocupamos aqui. O Espírito Santo opera através da pregação da Palavra somente de maneira persuasiva, dando eficiência às suas palavras de persuasão, para que o homem ouça a voz do seu Deus. Isto decorre da própria natureza da Palavra , que se dirige ao entendimento e à vontade. Deve-se ter em mente, porém, que esta suasão moral ainda não constitui a totalidade da vocação interna; requer-se, em acréscimo a isso, uma poderosa operação do Espírito Santo, aplicando a Palavra ao coração.
b. Ela opera na vida consciente do homem. Este ponto está muito intimamente relacionado com o anterior. Se a palavra da pregação não opera criadoramente, mas somente persuasiva, segue-se que ela só pode agir na vida consciente do homem. Ela se dirige ao entendimento, que o Espírito reveste de discernimento espiritual da verdade, e por meio do entendimento, influencia efetivamente a vontade, de modo que o pecador se volta para Deus. A vocação interna necessariamente redunda na conversão, isto é, num consciente abandono do pecado, rumo à santidade.
c. É teológica. A vocação interna é de caráter teológico, isto é, chama o homem para um certo fim: para a grande meta à qual o Espírito Santo está conduzindo os eleitos, e, conseqüentemente, também aos estágios intermediários do caminho para este destino final. É uma vocação para a comunhão de Jesus Cristo, 1 Co 1.9; para herdarem bênçãos, 1 pe 3.9; para a liberdade, Gl 5.13; para a paz, 1 Co 7.15; para a santidade, 1 Ts 4.7; para uma esperança única, Ef 4.4; para a vida eterna, 1 Tm 6.12; e para o reino e glória de Deus, 1 Ts 2.12.
(Teologia Sistemática – Lois Berkhof. Pg. 467)