quinta-feira, 17 de julho de 2014

Incompatibilidade

À lei e ao testemunho! Se eles não falarem
desta maneira, jamais verão a alva. (Is 8.20)
As Escrituras dizem que "mentira alguma jamais
procede da verdade" (1Jo 2.21). Como cristãos nós sabemos
que seja o que for que contradiga a verdade bíblica é, por
definição, falso. Em outras palavras, a verdade é
incompatível com o erro. Incompatibilidade é, portanto, uma
quinta palavra essencial para descrever uma cosmovisão
bíblica.
Claramente e sem rodeios, Jesus afirmou a total
exclusividade do Cristianismo. Ele disse, "Eu sou o caminho,
e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo
14.6). ". não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do
céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual importa que sejamos salvos" (At 4.12).
Obviamente este tipo de exclusividade é
fundamentalmente incompatível com a tolerância pósmoderna.
Como cristãos nós devemos entender que seja o que for
que se oponha à Palavra de Deus ou de alguma maneira se
afaste dela é um perigo à causa da verdade. Passividade em
relação ao erro conhecido não é uma opção para o cristão. A
intolerância para com o erro encontra-se permeada nas
próprias Escrituras. E tolerância para com o erro conhecido é
tudo menos uma virtude.
Verdade e erro não podem ser combinadas para produzir
algo bom. Elas são incompatíveis da mesma forma que a luz
e as trevas. "Não vos ponhais em jugo desigual com os
incrédulos; porquanto, que sociedade pode haver entre a
justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as
trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que
união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o
santuário de Deus e os ídolos?" (2Co 6.14-16).
Nós não podemos dizer ao mundo, "Isto é verdade, mas,
seja lá o que for que você quiser acreditar, também está
bem." Não está bem. As Escrituras nos ordenam a ser
intolerantes para com qualquer idéia que negue a verdade.
Para que ninguém entenda mal, eu não estou
defendendo dogmatismo em nenhum tema teológico.
Algumas coisas nas Escrituras não são perfeitamente claras.
Nas palavras da Confissão de Fé de Westminster, "Todas as
coisas, por si mesmas, não são igualmente claras nas
Escrituras, nem igualmente evidentes a todos" (1.7).
Algumas vezes nós não podemos reconstruir o contexto
histórico para entender uma dada passagem. Um exemplo
notável é a menção dos que "se batizam por causa dos
mortos" em 1Coríntios 15.29. Existem pelo menos quarenta
idéias diferentes sobre o que este versículo significa. Nós não
podemos ser dogmáticos sobre tais coisas, mas essas são
raridades nas Escrituras.
O ensinamento central das Escrituras é simples e tão
claro que até mesmo uma criança pode entendê-la O
caminho da salvação em particular é tão claro que "quem
quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o louco" (Is
35.8). E nas palavras da Confissão de Fé de Westminster
novamente, "não obstante, aquelas coisas que precisam ser
conhecidas, cridas e observadas para a salvação são tão
claramente expostas e visíveis, em um ou outro lugar da
Escritura, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no
devido uso dos meios ordinários, podem alcançar um
suficiente entendimento delas" (1.7).
Toda a verdade que é necessária para a salvação é
facilmente entendida de um modo verdadeiro por qualquer
pessoa que aplica o bom senso e devida diligência em buscar
entender o que a Bíblia ensina. E essa verdade — o cerne da
mensagem das Escrituras — é incompatível com qualquer
outro sistema de crença. Sobre isso nós temos de ser
dogmáticos.
Não é de se admirar que o pós-modernismo, que se
orgulha de ser tolerante com todo ponto de vista oposto, seja
contudo hostil ao Cristianismo bíblico. Até o mais
determinado pós-modernista reconhece que o Cristianismo
bíblico é por sua natureza totalmente incompatível com uma
posição de abertura mental indiscriminada. Se aceitarmos o
fato de que a Escritura é a verdade objetiva com a autoridade
de Deus, nós seremos obrigados a ver que todo outro ponto
de vista não é igualmente ou potencialmente válido.
Não há necessidade de buscar um terreno comum
através de diálogo com proponentes de pontos de vista
anticristãos, como se a verdade pudesse ser refinada pelo
método dialético. É loucura pensar que a verdade dada por
revelação divina precisa de qualquer refino ou atualização.
Nem tampouco devemos imaginar que nós podemos
encontrar os pontos de vista opositores em algum terreno
neutro filosófico. O terreno entre nós não é neutro. Se nós
realmente acreditamos que a Palavra de Deus é verdadeira,
nós sabemos que toda oposição é um erro. E somos
instruídos a não ceder qualquer espaço ao erro.
Em 2João 1.9-11 o apóstolo João escreveu, "Todo aquele
que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece
não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto
o Pai como o Filho”. Se alguém vem ter convosco e não traz
esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boasvindas.
“Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se
cúmplice das suas obras más." Isso é que é
incompatibilidade' Nosso amor pela verdade demanda uma
intolerância do erro. Para ser claro, o apóstolo não estava
advogando rudeza nem falta de hospitalidade para com os
descrentes em geral (Novamente, a Escritura claramente nos
ordena a mostrar amor e bondade mesmo para com nossos
inimigos), mas João estava tratando com o problema dos
falsos mestres itinerantes na igreja primitiva. Tipicamente,
aqueles qualificados para ensinar a doutrina naquele tempo
viajavam de cidade em cidade e buscavam abrigo nos lares
dos crentes. João estava dizendo que quando um conhecido
fornecedor de falsas doutrinas viesse buscando acomodação,
não era para ele ser recebido na comunhão; não era para ele
receber hospitalidade grátis; não era para ele receber
encorajamento de nenhuma espécie — especialmente uma
acolhida que significasse apoio ao seu trabalho de ensinar
falsas doutrinas. A antítese entre verdade e erro era tão
importante que os crentes tinham o dever sagrado de deixar
clara a desaprovação deles a qualquer um que
deliberadamente corrompesse a verdade com mentiras.
De modo semelhante o apóstolo Paulo escreveu, " ...
ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue
evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema [maldito]. “Assim, como já dissemos, e agora repito,
se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que
recebestes, seja anátema" (Gl1. 8,9). A fala é pesada, mas o
ponto é clara: quando alguém torcer a verdade fundamental
do evangelho, mesmo que ele seja um anjo ou um apóstolo,
que seja amaldiçoado.
Advertências contra falsos mestres enchem o Novo
Testamento. É um tema importante nas epístolas pastorais,
2Pedro, Judas e 2João. Tudo o que for anti-bíblico —
incluindo toda falsidade, qualquer má interpretação das
Escrituras e toda heresia — não é para ser tolerado por
aqueles que amam a verdade. É um perigo para a verdade e
uma desonra à verdade de Deus. Uma cosmovisão bíblica é
incompatível com qualquer tipo de tolerância de mentiras.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 40)

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