quinta-feira, 17 de julho de 2014

Autoridade

Maravilhavam-se da sua doutrina, porque
os ensinava como quem tem autoridade e
não como os escribas. (Mc 1.22)
Um entendimento da autoridade da Bíblia é a quarta
pedra fundamental para uma cosmovisão cristã. Visto que
acreditamos que as Escrituras são verdadeiras, nós devemos
proclamá-las com convicção, sem transigir e sem nos
desculparmos. A Bíblia faz alegações ousadas e os cristãos
que crêem nela devem afirmá-las com ousadia.
Qualquer pessoa que fielmente e corretamente proclama
a Palavra de Deus irá falar com autoridade. Não é a nossa
autoridade. Nem ao menos é a autoridade eclesiástica ligada
ao oficio de um pastor ou professor na igreja. É uma
autoridade ainda maior que essa. Na medida que nosso
ensino reflete com precisão a verdade das Escrituras, ele tem
o peso total da própria autoridade de Deus. Este é um
pensamento surpreendente, mas é precisamente como
1Pedro 4.11 nos instrui em como manusear a verdade
bíblica: "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de
Deus."
Esta é naturalmente uma profunda ameaça à tolerância
de uma sociedade que ama seu pecado e pensa que
transigência é uma coisa boa. Falar ousadamente e declarar
que Deus falou com finalidade não é moda nem politicamente
correto, mas se nós cremos verdadeiramente que a Bíblia é a
Palavra de Deus, como podemos manuseá-la de outra
maneira?
Muitos evangélicos modernos, amedrontados pelas
exigências do pós-modernismo, alegam crer nas Escrituras,
mas depois se abstém de proclamá-la com qualquer
autoridade. Eles estão dispostos a falar sobre a verdade das
Escrituras, mas na prática eles a desnudam de sua
autoridade, tratando-a apenas como mais uma opinião num
grande mix de idéias pós-modernas.
Nem as Escrituras nem o bom senso irão permitir tal
postura. Se a Bíblia é verdadeira então ela tem também
autoridade. Como verdade divinamente revelada ela carrega o
peso inteiro da própria autoridade de Deus. Se você alega
crer na Bíblia de algum modo, você finalmente tem de se
curvar à sua autoridade. Isto significa fazer dela o final
árbitro da verdade — a regra pela qual toda opinião é
avaliada.
A Bíblia não é apenas uma outra idéia para ser jogada
numa discussão pública e aceita ou rejeitada como o
indivíduo desejar. É a Palavra de Deus e exige ser recebida
como tal, com a exclusão de todas as outras opiniões.
Obviamente, essa maneira de avaliar a verdade é
impopular hoje. Segundo a nova tolerância pós-moderna,
todo mundo tem direito a ter sua própria opinião de acordo
com suas preferências; toda crença tem de receber igual
respeito; e ninguém deve alegar superioridade para qualquer
ponto de vista.
Com efeito, então, a tolerância pós-moderna implica em
total rejeição de todo conceito de autoridade divina. Ela
acarreta uma negação de que Deus verdadeiramente falou,
ou no mínimo, uma negação de que suas palavras têm
qualquer autoridade real.
Como cristãos nós enfrentamos uma escolha clara: ou
acompanhar o espírito da época e reduzir a autoridade das
Escrituras, ou aceitar as Escrituras e colocar sua autoridade
e nós mesmos contra o resto do mundo. Nosso dever é claro
(Tg 4.4).
Não obstante, parece que muitos dos líderes da
comunidade evangélica, pessoas que são vistas e ouvidas,
estão temerosos de afirmar a autoridade bíblica. Raramente o
pregador evangélico fala claramente ao mundo com um
autorizado "Assim diz o Senhor." Como é que nós chegamos
ao ponto em que podemos aceitar como autoridade a opinião
de um advogado, um médico, um arquiteto, mas não
podemos tolerar a autoridade da Palavra de Deus?
Será que os evangélicos ainda acreditam sem reservas
que a verdade bíblica tem autoridade divina? Evidentemente
não. Tem se tomado moda falar sobre o choque entre verdade
e erro como um "diálogo." Toda vez que um conflito se levanta
entre o Cristianismo e outro ponto de vista, alguns líderes
evangélicos convocam um diálogo com os defensores do outro
ponto de vista. Na última década líderes evangélicos bem
conhecidos têm patrocinado diálogos formais com uma
variedade ampla de figuras religiosas não-cristãs, líderes de
seitas, defensores de vários estilos de vida e representantes
de praticamente todo ponto de vista que é hostil ao
Cristianismo bíblico.
Pouco após o evento terrorista de 11 de setembro nos
Estados Unidos da América, uma de suas mais conhecidas
igrejas evangélicas patrocinou um diálogo com um clérigo
islâmico (imam) no culto de adoração do final de semana,
ostensivamente para reunir cristãos e muçulmanos. "Eu
achei muito interessante ver o quanto nós temos em
comum," disse um membro da igreja a um repórter depois do
culto. Outro disse que o diálogo com o imam tinha "aberto
portas para comunicar e mostrou que os muçulmanos são
gente do mesmo jeito que nós." Segundo o repórter que
cobria o evento, aquelas respostas eram "o tipo de impacto
que o pastor desejava."1
Por quê tais diálogos sempre parecem minimizar as
diferenças entre o Cristianismo e a falsa religião — e nunca
traçar linhas de distinção mais claramente?
A verdade bíblica é para ser proclamada com
autoridade, não colocada na mesa para discussão apenas
como uma alternativa possível entre outros pontos de vista.
O conflito entre verdade bíblica e crenças rivais não é
assunto para ser resolvido por meio de diálogo. Essa é uma
guerra espiritual não uma festa descontraída. Ela deve ser
vista como um combate não uma conversação. Nós
recebemos ordens de destruir as fortalezas do pensamento
anti-bíblico " ... e toda altivez que se levante contra o
conhecimento de Deus ... levando cativo todo pensamento à
obediência de Cristo" (2Co 10.5).
Mas as igrejas têm se tornado tão efeminadas e fracas
nestes tempos que os mais evangélicos parecem pensar que
tal postura de militância contra o erro é inconveniente e
demasiado severa. Os cristãos têm virtualmente se rendido
na batalha pela verdade. Como resultado, a comunidade
evangélica se tornou um lugar onde as pessoas podem
advogar virtualmente qualquer coisa ou promover quase
qualquer doutrina, e a única coisa que ninguém pode dizer é
que alguém está errado.
Existe até um nome para a nova perspectiva: É chamada
"hermenêutica da humildade." Um resumo da proposta de
um seminário no assunto diz o seguinte:
O curso visa auxiliar os alunos a aprenderem a formular
uma nova teologia e métodos que são relevantes e
significativos no mundo pluralista, multicultural, pósmoderno,
no qual somos chamados a ministrar. É
basicamente uma tentativa de articular uma hermenêutica...
Baseada no diálogo, um esforço sincero de extrapolar os
limites dos pontos de vista individual, isto é, uma
hermenêutica da humildade.2
Um outro que defende o mesmo objetivo diz, Os cristãos
devem destilar as preciosas percepções do pós-modernismo
com sua cultura multicultural e desconstruída.
Nós precisamos extrair desta crítica radical o que é
apropriado para uma visão cultural cristã renovada —
desenvolvendo uma hermenêutica da humildade. Nós
precisamos dar um exemplo de uma postura cultural nãotriunfalista,
que ouve e confessa.
Mas a Bíblia nada sabe da tal "hermenêutica" baseada
no diálogo com outros pontos de vista. Nossa pregação das
Escrituras deve ter autoridade. Em Tito 2.1, o apóstolo Paulo
disse a um jovem pregador, "Tu, porém, fala o que convém à
sã doutrina" (Tt 2.1). No final deste mesmo capítulo ele
acrescentou, "Dize estas coisas; exorta e repreende também
com toda a autoridade. Ninguém te despreze" (Tt 2.15). A
palavra traduzida como "desprezar" é o termo grego
kataphroneo, que literalmente significa "pensar ao redor."
Paulo está dizendo a Tito, "Não deixa ninguém te iludir; não
deixa ninguém frustrar a verdade. Prega a sã doutrina;
ensina e exorta as pessoas com autoridade que é inerente na
Palavra de Deus, e confronta ou repreende as pessoas que se
opõe à verdade."
Nas palavras de 1 Timóteo 4.11: "Ordena e ensina estas
coisas" (ênfase acrescentada).
Isso não significa que devamos ser abusivos ou
grosseiros, naturalmente. É possível ser ao mesmo tempo
ousado e caridoso e esse é o equilíbrio que nós precisamos
buscar. Paulo diz em Efésios 4.15 que devemos falar "a
verdade em amor", mas proclamá-la com a devida
autoridade.
Não existe nenhum outro meio genuíno de manusear a
verdade bíblica. Ela é afinal a verdade bíblica revelada pelo
próprio Deus e deve ser proclamada como tal.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 35)

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