quinta-feira, 17 de julho de 2014

Integridade

A integridade dos retos os guia; mas, aos
pérfidos, a sua mesma falsidade os destrói.
(Pv 11.3)
Completando nossa lista de princípios simples para uma
cosmovisão bíblica temos a palavra integridade. Esta flui
naturalmente de todos os princípios precedentes. Visto que o
Cristianismo coloca tal alta ênfase na verdade, nós devemos
reconhecer que integridade é uma virtude essencial e a
hipocrisia um vício terrível.
Integridade é a qualificação bíblica essencial para todo o
ministério. Em toda lista de qualificação para líderes da
igreja no Novo Testamento, um pré-requisito encabeça a lista:
O homem que deve ocupar um cargo na igreja deve ser
"irrepreensível" (1Tm 3.2,10; Tt 1.6,7).
Sucesso nos negócios seculares, habilidade em relações
públicas ou outros talentos mundanos não são o que
qualifica um homem para liderança na igreja. A suprema e
primária qualificação em todos os níveis da liderança da
Igreja é integridade — amor pela verdade e consistência em
vivê-la na prática. Ignorar este princípio é sacrificar o valor
que nós atribuímos à verdade como cristãos.
Em outras palavras, se nós realmente acreditamos que a
verdade das Escrituras objetiva e entendida racionalmente é
tanto autoridade quanto incompatível com o erro, visto que a
Bíblia é a Palavra singular do Deus vivo — devemos não
apenas pregá-la, mas devemos vivê-la também. Não basta
falar da boca para fora. Se verdadeiramente cremos que a
Bíblia é a verdade divina, devemos deixar que ela permeie
nossa vida e ministério. Viver de outra maneira é equivalente
a negar a verdade. As pessoas que pensam de modo
diferente, "No tocante a Deus, professam conhecê-lo;
entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são
abomináveis desobedientes e reprovados para toda boa obra"
(Tt 1.16).
Esdras, o sumo sacerdote nos tempos de Neemias, é o
protótipo do que todo ministro piedoso deve ser. "Esdras
tinha disposto o coração para buscar a lei do SENHOR, e
para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e
os seus juízo s" (Ed 7.10, ênfase acrescentada).
Eu aprendi essa lição com meu pai, que foi pastor toda
sua vida e um modelo de integridade, como também o foi
meu avô antes dele. Eu comecei a entender quão difícil pode
ser a luta logo quando comecei meu ministério aos vinte e
poucos anos. Eu estava pastoreando havia apenas um mês
quando fui solicitado a realizar o casamento de uma moça de
nossa igreja que estava planejando se casar com um nãocrente.
Numa reunião do conselho da igreja alguns dos
líderes insistiram comigo para realizar o casamento, visto que
o pai da noiva era um homem influente. Havia muito em jogo.
Poderíamos perder essa família na igreja se eu me recusasse.
Eu disse, "mas eu não posso fazer isso. Eu não posso
fazer o que as Escrituras claramente proíbem. Os crentes não
devem se colocar em jugo desigual com os incrédulos,
segundo Coríntios 6.14."
Eles estavam esperando isso. Então responderam, "Bem,
está certo. Nós entendemos seus sentimentos. Nós
conhecemos um pastor de outra igreja que aceita realizar a
cerimônia na nossa igreja."
Então eu lhes perguntei, "mas de quem é esta igreja? É
de vocês para fazerem como bem entenderem ou é de Cristo?"
Eles responderam, felizmente como deviam, "Você está
certo; nós não podemos fazer isso. Esta igreja é de Cristo."
Essa experiência foi o Rubicão1 para a Grace
Community Church. Esse foi o momento em que o futuro da
nossa congregação foi decidido. De fato uma família inteira
saiu da igreja e muitos outros membros saíram também por
causa desse incidente, mas naquele dia nós decidimos como
presbíteros, que não iríamos apenas pregar a Palavra de
Deus; nós esperávamos que ela fosse vivida na vida
comunitária da igreja.
Tal tipo de obediência à Palavra de Deus tem modelado e
moldado nosso ministério com o passar dos anos. Ela é
aparente mesmo na maneira como nós cultuamos. Nós não
entretemos as pessoas. Nós não apresentamos um espetáculo
de circo. Nós nos reunimos para adorar a Deus, para exaltar
a Cristo e para ouvir a pregação da Palavra de Deus. Nós
praticamos a disciplina de igreja conforme Mateus 18.15-20.
Nós buscamos obedecer o que as Escrituras pregam, sem
importar com o quão politicamente incorreto ou fora de moda
possa parecer. E num tempo em que muitas igrejas estão se
tornando mais e mais como o mundo, nosso objetivo é nos
conformarmos mais e mais com os padrões estabelecidos nas
Escrituras. Deus tem abençoado isso e eu estou convencido
que é porque os presbíteros têm buscado elevar o padrão de
integridade bíblica em todos os níveis da liderança.
Infelizmente, o movimento evangélico hoje está se
desviando desses princípios fundamentais e tem começado a
abraçar as idéias pós-modernas indiscriminadamente. Os
evangélicos estão perdendo a sua base; a confiança das pessoas
nas Escrituras está erodindo; e a igreja está perdendo
seu testemunho. Cada vez menos cristãos estão dispostos a
se posicionar contra a tendência desta geração e os efeitos
tem sido desastrosos. Subjetivismo, irracionalidade,
mundanismo, incerteza, transigência e hipocrisia já têm se
tomado o lugar comum entre as igrejas e organizações que no
passado constituíam a corrente evangélica.
A única cura, eu estou convencido, é a rejeição
consciente total dos valores pós-modernos e um retorno para
estes seis princípios distintivos do Cristianismo bíblico. Nós
devemos ser fiéis em guardar o tesouro da verdade que nos
foi confiado (2Tm 1.14). Se não o fizermos, quem o fará?
(Princípios para uma cosmovisão bíblica - john MacArthur Jr. Pg.44)

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