segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O OBJETO DA FÉ

Ao darmos uma resposta à questão quanto a qual é o objeto da verdadeira fé salvadora, teremos que falar com discriminação, desde que é possível falar desta fé em geral e num sentido especial. Existem:
a. Uma fides generalis (fé geral). Com isto se faz referência à fé salvadora no sentido mais geral da expressão. Seu objeto é o conjunto global da revelação divina contida na Palavra de Deus. Tudo que é ensinado explicitamente na Escritura ou que pode ser deduzido dela mediante boa e necessária inferência, pertence ao objeto da fé, neste sentido geral. De acordo com a igreja de Roma, cabe aos seus membros crer em tudo quanto a ecclesia docens (a igreja docente, o magistério eclesiástico) declara que faz parte da revelação de Deus, e isto inclui a tradição apostólica, assim chamada. É verdade que a “igreja que ensina” não reivindica o direito de produzir novos artigos de fé, mas reivindica, sim, o direito de determinar com autoridade o que a Bíblia ensina e o que, de acordo com a tradição, pertence aos ensinos de Cristo e Seus apóstolos. E isto propicia amplíssima latitude.
b. Uma Fidelis specialis (fé especial). É a fé salvadora no sentido mais limitado da expressão. Embora a verdadeira fé na Bíblia como a Palavra de Deus seja absolutamente necessária, esse ainda não é o fato específico de fé que justifica e, portanto, salva diretamente o pecador crente. Essa fé deve levar, e de fato leva, a uma fé mais especial. Há certas doutrinas concernentes a Cristo e à Sua obra, e certas promessas nele feitas aos pecadores, que o pecador deve receber e que devem levá-lo a pôr sua confiança em Cristo. Então o objeto da fé especial é Jesus Cristo e a promessa de salvação por intermédio dele. O ato especial de fé consiste em receber a Cristo e descansar nele como Ele é apresentado no Evangelho, Jo 3.15, 16, 18; 6.40. Estritamente falando, não é o ato de fé como tal, mas, antes, aquilo que é recebido pela fé, que justifica e, portanto, salva o pecador.
4. A BASE DA FÉ. A base última em que se firma a fé, está na veracidade e fidelidade de Deus, em conexão com as promessas do Evangelho. Mas, porque não temos conhecimento disto fora da Palavra de Deus, esta também pode ser considerada a base última da fé, e freqüentemente o é. Em distinção da anterior, porém, poderia ser denominada base próxima. O meio pelo qual reconhecemos a revelação incorporada na Escritura como a própria Palavra de Deus é, em última análise, o testemunho do Espírito Santo, 1 Jo 5.6:* “E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade”. Cf. também Rm 4.20, 21; 8.16; Ef 1.13; 1 Jo 4.13; 5.10. Os católicos romanos vêem na igreja a base última da fé; os racionalistas só a reconhecem na razão; Schleiermacher a busca na experiência cristã; e Kant, Ritschl e muitos teólogos “liberais” modernos a colocam nas necessidades morais da natureza humana.
(Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 506)

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