sábado, 22 de setembro de 2012

AS PARTES QUE SERÃO JULGADAS

A Escritura contém claras indicações de pelo menos duas partes serão julgadas. É mais evidente que os anjos decaídos comparecerão perante o tribunal de Deus, Mt 8.29; 1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd 6. Satanás e seus demônios verão sua ruína final no dia do juízo. Também se vê com toda a clareza que todos os indivíduos da raça humana terão que comparecer às barras da justiça, Sl 50.4-6; Ec 12.14; Mt 12.36, 37; 25.32; Rm 14.10; 2 Co 5.10; Ap 20.12. Estas passagens certamente não dão lugar ao conceito dos pelagianos e dos que seguem sua esteira, de que o juízo final se limitará aos que gozam os privilégios do Evangelho. Tampouco favorecem a idéia daqueles sectários que afirmam que os justos não serão chamados a juízo. Quando Jesus diz, em Jo 5.24, “Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”, claramente quer dizer, como se vê do contexto, que o crente não entrará em juízo condenatório. Às vezes, porém, se objeta que os pecados dos crentes, pecados perdoados, certamente não serão trazidos a público naquele dia; mas a Escritura nos leva à certeza de que o serão, embora, naturalmente, sejam revelados como pecados perdoados. Os homens serão julgados por “toda palavra frívola”, Mt 12.36, e pelos “segredos dos homens”, Rm 2.16; 1 Co 4.5, e não há a mínima indicação de isto se restringirá aos ímpios. Além disso, passagens como Mt 13.30, 40-43, 49; 25.14-23, 34-40, 46 evidenciam que os justos comparecerão ao tribunal de Cristo. Mais difícil é decidir se os anjos bons serão submetidos ao juízo final em algum sentido. O doutor Bavinck mostra-se inclinado a inferir de 1 Co 6.3 que serão; mas esta passagem não prova o ponto. Poderia fazê-lo se a palavra angelous fosse precedida pelo artigo, o que não acontece. Lemos simplesmente: “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos...?” (no original grego, sem artigo). Dada a incerteza ligada a esta questão, é melhor silenciar a respeito. Mais ainda quando nos lembramos de que os anjos sé são apresentados como ministros de Cristo em conexão com a obra de julgamento, Mt 13.30, 41; 25.31; 2 Ts 1.7, 8.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática)

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