sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Natureza da Morte Física.

A Bíblia contém algumas indicações instrutivas quanto à natureza da morte física. Fala desta de várias maneiras. Em Mt 10.28 e Lc 12.4, fala-se dela como a morte do corpo, em distinção da morte da alma (psyche). Ali o corpo é considerado como um organismo vivo, e a psyche é evidentemente o pneuma do homem, o elemento espiritual que constitui o princípio da sua vida natural. Este conceito da morte natural também está subjacente à linguagem de Pedro em 1 Pe 3.14-18. Noutras passagens é descrita como o término da psyche, isto é, da vida animal, ou como a perda desta., Mt 2.20; Mc3.4; Lc 6.9; 14.26; Jo 12.25; 13.37, 38; At 15.26; 20.24, e outras passagens. E, finalmente, também é descrita como separação de corpo e alma, Ec 12.7 (comp. Gn 2.7); Tg 2.26, idéia também básica em passagens como Jo 19.30; At 7.59; Fp 1.23. Cf. também o emprego de êxodos (“partida”) em Lc 9.31; 2 Pe 1.15, 16.
Em vista disso tudo, pode-se dizer que, de acordo com a Escritura, a morte física é o término da vida física pela separação de corpo e alma. Jamais uma aniquilação, apesar de algumas seitas descreverem a morte dos ímpios como tal. Deus não aniquila coisa alguma de Sua criação. A morte não é uma cessação da existência, mas uma disjunção das relações naturais da vida. A vida e a morte não são antagônicas entre si como ocorre com a existência e a não existência, mas são mutuamente opostas somente como diferentes modos de existência. É deveras impossível dizer exatamente o que é a morte. Falamos dela como a cessação da vida física, mas então surge imediatamente a pergunta: O que é precisamente a vida? E não temos resposta. Não sabemos o que é a morte em sua essência, mas a conhecemos somente em suas relações e ações. E a experiência nos ensina que, onde estas são separadas e cessam, a morte entra. A morte é um rompimento das relações naturais da vida. Pode-se dizer que o pecado é per se (por si mesmo) morte, porque representa um rompimento das relações vitais do homem, criado à imagem de Deus, com o seu Criador. Significa a perda dessa imagem e, conseqüentemente, perturba todas as relações da vida. Este rompimento também se dá na separação de corpo e alma, chamada morte física.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática)

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