terça-feira, 1 de outubro de 2013

AS MARCAS DA IGREJA EM PARTICULAR

a. A fiel pregação da Palavra. Esta é a mais importante marca da igreja. Enquanto que esta independe dos sacramentos, estes não são independentes dela. A fiel pregação da Palavra é o grande meio para a manutenção da igreja e para habilita-la a ser a mãe dos fiéis. Que esta é uma das características da igreja transparece em passagens como Jo 8.31, 32, 47; 14.23; 1 Jo 4.1-3; 2 Jo 9. Atribuir esta marca à igreja não significa que a pregação da Palavra na igreja terá que ser perfeita para que ela possa ser considerada co como igreja verdadeira. Tal ideal é inatingível na terra; só se pode atribuir à igreja uma relativa pureza de doutrina. Uma igreja pode ser relativamente impura em sua apresentação da verdade, sem deixar de ser uma igreja verdadeira. Mas há um limite além do qual a igreja não pode ir, na apresentação errônea da verdade ou em sua negação, sem perder o seu verdadeiro caráter e tornar-se uma igreja falsa. É o que acontece quando artigos fundamentais de fé são negados publicamente, e a doutrina e a vida já não estão sob o domínio da Palavra de Deus.
b. A correta ministração dos sacramentos. Jamais se deve separar os sacramentos da Palavra, pois eles não têm conteúdo próprio, mas extraem o seu conteúdo da Palavra de Deus; são de fato uma pregação visível da Palavra. Nesta qualidade, eles devem ser ministrados por legítimos ministros da Palavra, de acordo com a instituição divina, e somente a participantes devidamente qualificados – os crentes e sua semente. Uma negação das verdades centrais do Evangelho, naturalmente afetará a adequada ministração dos sacramentos; e, certamente, a igreja de Roma se afasta do modo correto quando separa da Palavra de Deus os sacramentos, atribuindo-lhes uma espécie de eficácia mágica, e quando permite que as parteiras ministrem o batismo, em ocasiões de necessidade. Que a reta administração dos sacramentos é uma característica da igreja verdadeira, segue-se da sua inseparável conexão com a pregação da Palavra e de passagens como Mt 28.19; Mc 16.15, 16; At 2.42; 1 Co 11.23-30.
c. O fiel exercício de disciplina. É deveras essencial para a manutenção da pureza da doutrina e para salvaguardar a santidade dos sacramentos. As igrejas que relaxarem na disciplina, descobrirão mais cedo ou mais tarde em sua esfera de influência um eclipse da luz da verdade e abusos nas coisas santas. Daí, a igreja que quiser permanecer fiel ao seu ideal, na medida em que isto é possível na terra, deverá ser diligente e conscienciosa no exercício da disciplina cristã. A Palavra de Deus insiste na adequada disciplina a ser exercida na igreja de Cristo, Mt 18.18; 1 Co 5.1-5, 13; 14.33, 40; Ap 2.14, 15, 20.
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Qual é o sentido da palavra ekklesia em Mt 16.18 e 18.17? 2. Quando e como o termo Kyriake entrou em uso significando igreja? 3. Como as palavras holandesas “kerk” e “gemeente” diferem, e como se relacionam com o termo grego? 4. Há passagens na Escritura nas quais indubitavelmente a palavra ekklesia é empregada para denotar como uma unidade o corpo completo dos que, em todo o mundo, professam exteriormente a Cristo? 5. A palavra ekklesia é empregada alguma vez como designativo de um grupo de igrejas sob um governo comum, como se dá com o que chamamos denominação? 6. A visibilidade da igreja consiste meramente na visibilidade dos seus membros? 7. Se não, em que se torna ela visível? 8. A igreja visível mantém alguma outra relação com Cristo, além de uma simples relação externa, e é beneficiada com outras promessas e privilégios, além dos privilégios e promessas meramente exteriores? 9. A essência da igreja visível difere da essência da igreja invisível? 10. Que objeções foram levantadas contra a distinção entre a igreja como instituição e a igreja como organismo? 11. Qual a diferença fundamental entre a concepção católica romana e a concepção reformada (calvinista) da igreja?
BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. IV, p. 295-354; Kuyper, Dict. Dogm. De Ecclesia, p. 3-267; id., Tractaat Van de Reformatie der Kerken; ibid., E Voto II, p. 108-151; Vos, Geref. Dogm. V, p. 1-31; Bannerman, The Church of Christ I, p. 1-67; Ten Hoor, Afscheiding en Doleantie e Afscheiding of Doleantie; Doekes, De Moeder der Geloovigen, p. 7-64; Steen, De Kerk, p. 30-131; McPherson, The Doctrine of the Church in Scottish Theology, p. 54-128; Van Dyke, The Church, Her Ministry and Sacraments, p. 1-74; Hort, The Christian Ecclesia, principalmente p. 1-21, 107-122; Pieper, Christl. Dogm. III, p. 458-492; Valentine, Chr. Dogm. II, p. 362-377; Pope, Chr. Theol. III, p. 259-287; Litton, Introd. To Dogm. Theol., p. 357-378; Strong, Syst. Theol., p. 887-894; Devine, The Creed Explained, p. 256-295; Wilmers, Handbook of the Chr. Rel., p. 102-119; Moehler, Symbolism, p. 310-362; Schaff, Our Father’s Faith and Ours, p. 213-239; Morris, Ecclesiology, p. 13-41; W. A. Visser’t Hooft and J. H. Oldham, The Church and its Function in Society.
(Teologia Sistemática – Louis Berkhf. Pg. 578)

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