quinta-feira, 5 de junho de 2014

AS RECOMPENSAS DA LIDERANÇA

No mundo, a liderança ganha prêmios de compensação monetária que refletem a importância da posição do líder dentro da companhia ou da organização. A contribuição que ele dá para os lucros da companhia faz justiça proporcional ao prêmio financeiro. Inclusive, nosso Senhor insistiu no fato de que os prêmios celestiais são muito mais valiosos do que as vantagens terrenas. O pouco retorno sobre o investimento de esforço e de sofrimento de um líder na Terra não significa, de forma alguma, que os prêmios devidos aos obreiros de Deus tenham sido esquecidos ou anulados.
Há prêmios que não podem ser medidos financeiramente ou em benefícios materiais. Uma coisa é biblicamente correta: qualquer coisa feita para Deus não será esquecida. Os incentivos de Deus para os serviços com dedicação devem sempre ficar gravados em nossas mentes. O alvo neste último capítulo é refletir sobre algumas das recompensas que os líderes piedosos podem esperar. Paulo acreditava nesses prêmios, como revela o que ele escreveu: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (1Co 15.58).

Realização

Deus tem implantado um desejo no coração do homem para este ser útil, para que faça uma diferença para melhor. Um aspecto da imagem de Deus em nós envolve o alto valor que a realização tem para nós. Enquanto um animal pode desfrutar do brincar e de outros prazeres que ele pode compartilhar com os seres humanos, somente nós, humanos, podemos antecipar e apreciar a realização. Uma vida vazia é uma vida não realizada.
Sentir-se realizado, significa que a realização traz um prêmio interno, um sentimento de satisfação por podermos alcançar o que esperávamos realizar. A vida é vazia quando o trabalho não vai além da rotina; a tarefa poderia ter sido feita até por uma máquina. Porém, quando a criatividade aparece em cena, e o envolvimento pessoal traz uma alegria constante nas vidas de outras pessoas, todos nós nos sentimos realizados. Por essa razão, os líderes têm o alto potencial para regozijar-se com a realização.
Paulo teve mais do que uma porção no prazer de melhorar a vida de outros. Quando ele diz: "[...] uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu" (lCo 16.9), ele referiu-se a alegria do trabalho para Deus de uma forma que trouxesse sua própria recompensa. Nenhum dinheiro estava envolvido, nenhum conforto especial ou vantagens carnais sobrevieram a ele. Ele simplesmente reconheceu que em Éfeso, o entusiasmo estava alto. Muitos queriam ouvi-lo pregar e ensinar o "Evangelho da graça de Deus" (At 20.24). O sucesso no ministério de Paulo foi além de suas expectativas. Todos os habitantes da Ásia puderam ouvir o Evangelho e ver os milagres extraordinários que foram operados através de suas mãos (At 19.10,11). Um dos prêmios mais cobiçados que qualquer líder pode desfrutar vem com o sentimento de realização que o sucesso traz. Essa deve ser a base da mensagem da seguinte frase: "contanto que complete a minha carreira" (At 20.24). O apóstolo sabia que o partir e o estar com Cristo eram incomparavelmente melhor do que o viver na Terra, ainda assim ele estava disposto a permanecer na Terra para abençoar a vida dos filipenses (Fl 1.23,24). O crescimento e o progresso da igreja de Filipos foi, para o apóstolo, "sua coroa e alegria" (4.1). Quando Deus dá para um de seus servos a certeza de que conseguirá influenciar outros beneficamente, fazendo tudo aquilo que Deus deseja, ele o recompensa com um senso satisfatório de realização.
Como liderança significa "a influência para uma mudança benéfica", Jesus escolheu seus discípulos-líderes para produzirem o fruto duradouro ("o vosso fruto permaneça”, Jo 15.16). Quando um líder pode ver que Deus o tem usado para melhorar as vidas e que aquelas mudanças positivas são a longo prazo, ele sente a recompensa. Ele tem realizado com êxito a missão que Deus escolhera para ele. Ele pode morrer sem aquele sentimento incômodo de que tem um débito não pago para com a humanidade (cf. Rm 1.14). A satisfação substitui esse sentimento importuno que aparece de uma obrigação não realizada.
As quantidades imensuráveis de esforço e sofrimento gastos são pagos pelo fato de um líder saber que ele tem sido usado por Deus ao máximo do seu potencial. Por isso, o descontentamento destrói as melhores intenções de um líder; ele conclui que Deus não o está usando. Billy Graham, ainda moço, reconheceu os esforços que um ministério evangelístico exigia. Ele orou pela compensação de ver pessoas sendo tocadas por uma fé salvadora em Cristo. "Se o Senhor não salvar pessoas através de mim, deixe-me morrer. Eu não quero viver". Deus muitas vezes responde a uma oração sincera como essa com bênçãos evidentes e sucesso espiritual. Pense no sentimento de realização que o Dr. Graham continua tendo, mesmo durante esses últimos dias de sua vida!

Fama

É comum, para os líderes, atraírem um grupo de seguidores. Isso aconteceu durante o ministério de Jesus. Marcos nos informa que: "Correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança da Galiléia" (Mc 1.28). Quando Jesus deu de comer para as cinco mil pessoas temos uma indicação da extensão da divulgação de sua fama. Sua entrada triunfal em Jerusalém, narrada em todos os Evangelhos, demonstra que Jesus tinha ganhado a boa vontade das pessoas simples. A artimanha para matar Jesus foi causada principalmente pela inveja provocada pela sua fama crescente ao 11.47-50). Quanto mais um líder sobe na escada do sucesso, maior será a sua fama.
Paulo recebeu uma fama bem merecida devido à sua ousadia. Ele chegara à Tessalônica não como um pregador itinerante desconhecido. Os judeus arrastaram Jasom e alguns dos novos convertidos para levá-los diante das autoridades (eles não tinham encontrado Paulo) declarando: "Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui" (At 17.6).
Quando um líder tem "boa fama" (cf. FI 4.8), ele se sente rico, não em possessões materiais, mas no caloroso reconhecimento que as pessoas têm por ele. Os políticos honestos e dedicados, sem dúvida alguma, encontram em sua boa reputação o pagamento adequado pela sua auto¬negação e esforço. A gratificação está no fato deles serem reconhecidos nos livros históricos, e que sua fama se estenda além do curto período da vida. Os ensinamentos da Bíblia não concordam com a fama como a motivação para procurar as posições de liderança, mas quando a motivação é correta, a fama que segue não é condenada. Maria da Betânia ungiu Jesus sem pensar em ganhar fama. Jesus, porém, disse: "Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua" (Mc 14.9).
Se olharmos mais de perto na fama, o acompanhante natural da liderança, ficaremos surpresos ao encontrar a advertência de Jesus: "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós" (Mt 5.11). A perseguição que os líderes cristãos sofrem, da parte de perseguidores mentirosos, é um sinal nítido da "boa fama" deles diante de Deus. "Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós" (v.12). Apesar da esperada oposição diabólica: "[...] é necessário que ele (o pastor/bispo) tenha o bom testemunho dos de fora” (1Tm 3.7). Os primeiros cristãos contaram "com a simpatia de todo o povo" (At 2.47). Essa é uma avaliação positiva que o cristianismo deles estava recebendo da comunidade.
Os líderes também precisam ter uma boa reputação na sociedade (At 6.3; Tt 1.6,7) para estarem aptos para cumprir com suas obrigações. Portanto, se eles tiverem uma maioria significante de seus seguidores falando bem de si, poderão sentir-se bem recompensados por seu esforço sacrificial.

Preenchendo o Que Está Faltando

Paulo escreveu para os colossenses que estava regozijando-se em seus sofrimentos por eles: "E preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja" (1.24). Claramente, os sofrimentos de que Paulo está se referindo são aquelas aflições que resultaram da sua liderança. Os colossenses mesmos não estavam sofrendo, mas as privações e o aprisionamento do apóstolo eram a conseqüência direta da escolha que Deus tinha feito para elevá-lo ao raro cume da liderança. Em Efésios, ele colocou desta forma: "a dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros [...] a mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo" (Ef 3.2,8).
Em lugar algum, Paulo esconde o fato de que a escolha de Deus para ser um apóstolo-evangelista tinha uma recompensa nesta vida. Ele estava mais do que contente com o seu chamado, apesar do sofrimento intenso que isso acarretou (2Co 11.23-29). A razão para a sua alegria estava no privilégio que Deus lhe tinha concedido para cumprir uma função cen¬tral na história da salvação. Humildemente conhecendo a si mesmo como o menor dos santos, a ele foi dado as chaves do Reino para abrir a porta da salvação para os gentios (compare com as chaves dadas a Pedro, Mt 16.19). Paulo não hesitou em ver a "graça de Deus" nessa designação especial.
Nenhum líder deve rejeitar o estresse, as longas horas, o trabalho intenso e tudo o mais que a sua posição envolve, porquanto ele está confiante de que Deus o tem escolhido para aquela função. Será melhor ainda, se ele, como Paulo, pode ver o significado eterno do privilégio de usar, pelo menos uma, das pequenas chaves do Reino. Ele tem motivo para regozijar-se. Se um líder sabe que está "preenchendo o que está faltando", ele deve sentir-se bem recompensado nesta vida.

Peso de Glória

Os autores do Novo Testamento enfatizam a recompensa futura que será concedida no Céu. Jesus ensinou diretamente e em parábolas que uma pessoa não deve procurar a recompensa em retorno dos investimentos do Reino, nesta vida. Todos aqueles que procuram a aprovação de homens porque eles dão esmolas, ou oram muito, ou jejuam, tiveram suas recompensas pagas completamente aqui. Não há nada mais para se esperar (Mt 6.1-18). Aqueles que, por outro lado, fazem essas coisas secretamente, serão recompensados por Deus. Desse ensino podemos concluir, confiantemente, que a liderança exercida para a glória de Deus será recompensada no mundo por vir.
A base para tal recompensa será o amor e o sacrifício que motivam as boas obras. É possível supor que os líderes fazem mais o bem do que os seguidores por causa das conseqüências benéficas que alcançam mais pessoas. Um copo de água fria oferecida no nome de Jesus para um caminhante sedento não perderá a sua recompensa. A obra precisa ser motivada pelo amor já que a frase "no nome de Jesus" indica isso.
Porém, aqueles que tenham deixado os familiares e suas casas para seguirem a Jesus e pela causa do Evangelho, receberão "o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna” (Mc 10.30). Muitos que são os primeiros serão os últimos, e os que são últimos serão os primeiros (v.30). Com essas palavras, Jesus outra vez mostra que ele tinha líderes em mente (ter mais do que uma mãe e ganhar cem casas, confirma essa conclusão). Jesus avisa que o mérito aparente pode ser contrário ao mérito verdadeiro perante o Juiz do universo. As motivações e os sentimentos interiores valem mais do que um simples abandono de família e de casa. Há muito mais sacrifício e amor nos corações de alguns servos do que nos de outros. Dois líderes podem, externamente, lidar com uma mesma tarefa debaixo de circunstâncias semelhantes: um será recompensado abundantemente; o outro, não será. Pense nas palavras de Paulo: "E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará" (1Co 13.3). Deus sabe o tamanho do sacrifício, canto quanto o mérito da motivação (Lc 7.47). Ele recompensará os seus servos na proporção do amor deles.
As parábolas das Minas e dos Talentos (Lc 19.11-27 e Mt 25.14¬30) conduzem para as recompensas futuras reservadas para os líderes que servem bem a seu Senhor nesta vida. O homem que recebera uma mina, e que rendeu dez, foi elogiado por seu mestre: "Muito bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades" (Lc 19.17). Os servos que dobraram os seus talentos foram reconhecidos pela fidelidade deles sobre as coisas pequenas. Foram prometidos: "Sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor" (Mt 25.21,23).
Temos pouca informação sobre a natureza da recompensa dada para trabalhadores fiéis. O texto indica que haverá dois tipos de recompensas. Um tipo é a aprovação expressa do Senhor. O segundo refere-se ao exercício da responsabilidade sobre algum tipo de reino. O retrato, embora não claro, focaliza para uma responsabilidade futura sobre outras pessoas, semelhante àquela de um governador benevolente. Isso se encaixa com a promessa dada para aqueles que perseverarem (2Tm 2.12), compartilhando o reinado como reis com Jesus Cristo. Um dos aspectos que líderes fiéis e dedicados podem antecipar é a participação na alegria do próprio Senhor.
Paulo ensina que os líderes da igreja que constroem o templo de Deus (a Igreja) com ouro, prata e pedras preciosas serão recompensados. O trabalho deles não sofrerá o prejuízo destrutivo do "fogo" no dia do juízo (lCo 3.13). Além da beleza e da permanência do trabalho que eles realizaram, esses bons líderes, regozijarão em ver o trabalho honrado. "Manifesta se tornará a obra de cada um", sugere que, a contribuição deles para o programa de construção eterno, de Deus, será um motivo de reconhecimento e a causa de grande regozijo. Os líderes ruins, por outro lado, terão muitas razões para o remorso. O trabalho deles, comparado à madeira, ao feno e ao restolho, será destruído pelo fogo do juízo. Mesmo sendo salvos, serão envergonhados pela perda (v.15). A esperada recompensa deles será transformada em cinzas inúteis.
Pior ainda, segundo Jesus, será o fim do mau líder que passou a "espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se". No lugar da recompensa, ele será castigado: "lançando-lhe a sorte com os infiéis" (Lc 12.45,46). Evidentemente, nessa passagem, Jesus tinha em vista os falsos líderes. Os homens, que como os "mercadejadores da Palavra” (2Co 2.17) têm os objetivos contrários aos do nosso Senhor. A avareza controla o coração deles, em vez do amor.
Em 2 Coríntios, Paulo vai além para descrever a recompensa do líder sofredor e piedoso como um "incomparável, eterno peso de glória (4.17). Em comparação com essa recompensa, todos os sofrimentos presentes tornam-se insignificantes. Como a pena de um passarinho em um prato de uma balança, e uma barra enorme de ouro no outro lado, não há como comparar o peso de um com o outro. A palavra "glória" no Antigo Testamento significa "peso" (kabod) indicando que, na cultura hebraica antiga, as riquezas e os valores eram vistos em termos do "peso" deles. A riqueza eterna, então, do bom servo que tem sofrido para ser apto a liderar outros para Deus, será recompensada com infindável e intensa alegria. Bem-aventurados, certamente, são aqueles que não fugiram da dor, nem negligenciaram o cuidado dos seus seguidores (Fp 2.20).
A nossa visão incerta do futuro de glória, prometido para os servos fiéis, pode receber um pouco de luz da oração sacerdotal de Jesus. Ele orou: "Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos" (Jo 17.22). A glória dada por Jesus aos seus discípulos foi o privilégio de um relacionamento íntimo com ele. Por causa da conexão deles com ele, puderam manter um relacionamento próximo uns com os outros. A união imperfeita (por causa do pecado e da carne) que o Corpo de Cristo agora experimenta, através da presença do Espírito Santo (1Co 12.13; Ef 4.3), antecipa a união perfeita que aguarda os santos glorificados quando Jesus Cristo voltar. O apóstolo declarou que "o amor jamais acaba" (1Co 13.8). O amor divino perfeito que une todos os santos a Deus e, uns aos outros, é o que a glória futura representa. Agora, nós podemos entender a razão pela qual Jesus incluiu em sua oração a petição para os discípulos estarem com Cristo para ver a sua glória: "porque me amaste antes da fundação do mundo" (Jo 17.24). Outra vez, olhando para o futuro: "[...] farei conhecer (o nome do Pai) mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja" (Jo 17.26). A unidade futura com Deus e com os irmãos e irmãs remidos será a recompensa mais gloriosa que qualquer líder pode receber.
Há ainda uma outra questão. Como será esse futuro de glória, mais ou menos, na proporção da dedicação e sacrifício dos servos de Deus? Alguns líderes cristãos vivem basicamente de forma egoísta, com pouca preocupação com Deus e com as pessoas. Outros líderes vivem de forma dedicada e abnegada de maneira que um incomparável peso de glória não parece ser uma recompensa grande demais.
A melhor conclusão parece ser a seguinte: Deus vê esta vida como um tipo de escola ou vestibular para a eternidade. Os anos que temos o privilégio de viver nesta Terra não são realmente um tempo para ganhar mérito, mas para aumentar a nossa capacidade para amar a Deus e alegremente servi-lo, influenciando outras pessoas.
De alguma forma, somos como aqueles que se dedicaram à recreação, à diversão, ao esporte ou qualquer outra atividade prazerosa. À medida que uma pessoa vai dedicando-se a uma atividade específica, ela aumenta a sua capacidade de desfrutar daquilo. Permita-me tentar ilustrar essa idéia. Há alguns anos, a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque veio a São Paulo. Um dos músicos era um cristão que decidiu convidar a minha família para o ensaio da orquestra no Anhembi, em São Paulo. Imagine, por um momento, que tivéssemos conosco um caipira do interior do Amazonas; uma pessoa que nunca tivesse ouvido qualquer música clássica. Imagine que nós o convidássemos para nos acompanhar e desfrutar dessa apresentação gratuita. Não precisaria nem dizer que após alguns minutos da apresentação o nosso convidado ficaria completamente entediado. Ele procuraria qualquer desculpa para fazer algo mais interessante e emocionante. O hobby do líder cristão é de deleitar-se no Senhor e de influenciar outros para Deus. Não creio que alguém, na eternidade, será capaz de determinar o quanto um outro santo estará se deleitando em Deus. Porém, não é provável que aqueles que têm investido mais no relacionamento deles com Deus e pago um alto preço no exercício de sua liderança piedosa, serão os que gozarão mais das recompensas da eternidade.
O apóstolo Pedro abre uma janela para o futuro no dia do retorno do nosso Senhor. Nossa herança futura, recebida pela graça através da morte e ressurreição de Cristo, é incorruptível, sem mácula e imarcescível. Ela não pode ser tocada pela decomposição da morte, tampouco pela mancha do pecado ou do definhamento que uma bela flor tem. Uma vez que a nossa fé está confirmada, "mesmo apurada pelo fogo", ela é destinada a redundar "em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo" (1Pe 1.4-7). Tudo isso é a causa para nos alegrarmos agora, mas muito mais no futuro quando o veremos face a face (1Co 13.12).
Quanto mais um líder ama o seu Senhor, maior será a sua alegria na vinda deste. Essa é a verdadeira e incomparável recompensa de todos aqueles que têm humilde e sacrificialmente servido a Deus nesta vida.
A visão celestial de João nos informa que aqueles que têm saído de grandes tribulações, tendo lavado suas vestimentas no sangue do cordeiro, ficarão de pé diante do trono de Deus e servirão a ele no seu santuário dia e noite. Deus estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Não haverá mais fome e sede, e nem o calor do Solos incomodará mais. O cordeiro será o pastor que os guiará para as fontes de água viva. Nem haverá mais lágrimas em seus olhos (Ap 7.14-17). Claramente, o mais desejável aspecto da recompensa futura de qualquer líder está na sua proximidade de Deus Pai e do Filho. Como base desse maravilhoso retrato das recompensas futuras, podemos ver a recompensa para a liderança abnegada, pois, quem derrama mais lágrimas do que o pastor que ama seu rebanho intensamente (At 20.19,31)? Quem será o mais apreciativo da função pastoral, apascentando e guiando as ovelhas para as fontes de água viva, senão aquele que durante a sua vida na Terra esforçou-se, sobremaneira, para fazer isso para o seu rebanho?

Considerações Finais

Procuramos esclarecer a natureza e a importância da liderança piedosa. Muito daquilo que se refere à direção secular e ao gerenciamento aplica-se à liderança cristã, com uma diferença significante. As motivações que dirigem o desejo do homem do mundo a liderar, precisam ser contrastados com aqueles de um homem de Deus. A forma que uma pessoa lidera na política ou nos negócios do mundo e a forma que um homem piedoso lidera podem ser muito parecidos, mas as motivações devem ser bem diferentes.
No mundo, as riquezas, a fama e o reconhecimento motivam os líderes a persistir e serem os melhores. Porém, esses benefícios são temporários, restritos totalmente a esta vida curta. Mark Twain, um famoso autor americano, colocou essa realidade em sua autobiografia da seguinte forma: "Uma miríade de homens nascem; eles trabalham, suam e batalham pelo pão; eles reclamam, xingam e brigam; eles lutam pelas poucas vantagens de um sobre o outro. A velhice move-se lentamente em suas vidas e as enfermidades se seguem; vergonhas e humilhações abaixam o orgulho e a vaidade deles. Aqueles que eles amam lhes são tirados, e a alegria da vida é transformada em uma dolorosa mágoa. O peso da dor, do cuidado e da miséria crescem mais pesados a cada ano. Finalmente, a ambição está morta, o orgulho está morto, a vaidade está morta; o desejo de liberdade está no lugar deles. Ela vem finalmente - o único presente não envenenado que a Terra jamais teve para eles- e eles são banidos de um mundo onde eles não foram de importância alguma; onde eles não realizaram nada, onde eles eram um erro, e um fracasso, e uma tolice; onde eles não deixaram sinal algum de que tivessem existido -um mundo que os lamentará um dia e os esquecerá para sempre".
Como se contrasta a perspectiva de um homem em Cristo. Um líder nega a si mesmo, sofre e pode até morrer para ajudar ao próximo por causa do constrangimento do amor de Cristo (2Co 5.14). A realização, a fama e a recompensa que acompanham a liderança nesta vida, são secundárias. Como Moisés, um líder servil prefere "ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado", porque "contempla o galardão" (Hb 11.25,26).
A natureza da liderança que caracteriza os líderes mundanos e os líderes cristãos pode ser semelhante na aparência externa, mas, os efeitos nas vidas de seus seguidores necessitam ser distintos. Henry Ford idealizou um carro com a marca Ford em cada garagem americana para beneficiar a economia e facilitar a locomoção humana para o trabalho e o lazer. Porém, um líder como George Muller de Bristol, na Inglaterra, ou Oswald J. Smith da Igreja do Povo, em Toronto, serviram incansavelmente para o benefício de órfãos e promoveram o avanço do Evangelho através do mundo. Ford concentrou a sua visão nos benefícios desta vida. Muller e Smith focalizaram suas visões na eternidade.
Não podemos ignorar o insight na liderança que os não cristãos têm ganhado. Contudo, somente Deus e as Escrituras podem nos dar a verdadeira medida da liderança e o fim que toda a influência benéfica deve almejar. Mais de trezentos anos atrás, os escritores do Catecismo Menor Westminster responderam à questão mais crucial de todas: "Qual é o fim para o qual o homem foi criado"? A resposta é: "Para glorificar a Deus e gozar dele para sempre".

A Deus toda a glória!

Outros livros escritos pelo autor publicados pela
EDIÇÕES VIDA NOVA

* A Felicidade Segundo Jesus: Reflexões sobre as bem-aventuranças, 1998.
* Fundamentos Bíblicos da Evangelização, 1996.
* Nos Passos de Jesus: Uma Exposição de 1 Pedro, 1993.
* O Mundo, a Carne e o Diabo, 1991.
* Lei, Graça e Santificação, 1990.
* Adoração Bíblica, 1987.
* Justiça Social e a Interpretação da Bíblia, 1984.
* Alegrai-vos no Senhor: Uma Exposição de Filipenses, 1984. * A Escatologia do Novo Testamento, 1983.
* Disciplina na Igreja, 1983.
* Andai Nele: Exposição Bíblica de Colossenses, 1979.
* Tão Grande Salvação: Uma exposição Bíblica de Efésios, 1978.
* A Solidariedade da Raça: O Homem em Adão e em Cristo,1964.


O líder que Deus usa
Resgatando a Liderança Bíblica
para a Igreja no Novo Milênio

RUSSELL P. SHEDD

Você sabe qual é o caráter do líder que Deus usa? Você sabe o que procurar nos líderes chamados ao ministério? Qual foi a prática da liderança de Jesus? Quais são os possíveis impedimentos à liderança efetiva? O que é uma liderança equilibrada? Quais são as atitudes que fazem a liderança bíblica bem-sucedida? Você sabe quais são as recompensas da liderança?

Estas e outras perguntas são alguns dos principais temas abordados pelo Dr. Shedd. Ele usa de sua rica experiência para discorrer sobre estes temas de forma estimulante e desafiadora. Certamente, pastores, leigos e futuros líderes se beneficiarão ricamente na leitura deste livro.
(O líder que Deus usa – Russel Shed. Pg.59)

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