quinta-feira, 5 de junho de 2014

As RESPONSABILIDADES DO LÍDER QUE DEUS USA

O estado de uma igreja, de um grupo, uma empresa ou uma nação, reflete a qualidade de seus líderes. A falta de ação de um líder promove a morte lenta. As ações erradas resultam na desintegração, no conflito e na perda. A liderança efetiva promove o bem-estar e o progresso. Um líder bem intencionado precisa saber como liderar bem, e esperar que possa ganhar a aprovação que todos os homens de Deus esperam receber. John Gardner desenvolveu uma lista de nove atividades ou responsabilidades que um líder necessita fazer para liderar bem. Elas são aplicáveis a todos os tipos de sociedades, sejam elas cristãs ou não.

Visão

A primeira responsabilidade é focalizada na visão. O homem que Deus usa necessita ter uma visão do alvo e dos objetivos finais da organização. Ele precisa, em oração, olhar para o futuro com sua imaginação e perceber o propósito central que trouxe a igreja ou o grupo à existência. Ele vê claramente o final para o qual ela existe. Cada investimento em tempo, em dinheiro, em pessoas e em sacrifício necessitam mover na direção daquele objetivo.
Para líderes cristãos, a glória de Deus, refletida em seu Reino e em sua Justiça, será o alvo final de todo esforço e planejamento organizacional. A palavra "reino", como Jesus a usou nos evangelhos sinópticos, significa "reinar". "Deus conhecido, amado e sua vontade obedecida", seria outra forma de entender o que o Reino de Deus representa.
Robert Kennedy percebeu a importância de uma visão quando disse: "Você vê as coisas como elas são; e pergunto, por que? Mas eu sonho acerca de realidades que nunca existiram e pergunto, 'por que não"'? A famosa frase de Martin Luther King: "Eu tenho um sonho", foi um caminho memorável de se referir a essa visão.
A visão de um líder cristão do Reino precisa tornar-se suficientemente clara em sua mente para identificar os alvos e os marcadores específicos para realizar sua visão. Ele se surpreenderia com o comentário, "sempre fizemos assim", somente se estivesse convencido de que sua visão não poderia ser alcançada de uma forma mais eficiente.
Paulo foi um líder visionário. Ele se manteve fiel a uma visão de evangelização de uma parte do nordeste do Império Romano, mas não considerou somente aquela área. Quando ele decidiu prosseguir à Espanha, via Roma, ele o fez para completar a obra na qual a sua visão consistia (cf. Rm 15.23, "Mas, agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões [...] penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha”). Provavelmente, a visão de Paulo incluíra a evangelização de toda a bacia mediterrânea, para que, o sucesso em uma região impelisse-o a outra.
O grandioso apóstolo não excluiu o gerenciamento de sua liderança. Ele trabalhara assiduamente para carregar o fardo das igrejas, da pregação, do ensino, do treinamento de anciãos (pastores) e ainda continuou com uma visão do quadro geral. O gerenciamento eficiente sem a liderança eficiente é, como um autor escreveu, "como arrumar cadeiras do convés no Titanic". "Muitas vezes, os pais são também presos na armadilha do paradigma do gerenciamento, pensando em controle, em eficiência e em regras, em vez de direção, de propósito e de sentimento familiar". A direção da família de Deus, muitas vezes, reflete uma visão semelhante, que é limitada.
Seria de grande proveito comparar as características do "homem que Deus usa" segundo Oswald Smith. "Ele tem somente um grande propósito na vida. Ele, pela graça de Deus, remove cada obstáculo de sua vida. Ele tem se colocado, totalmente, à disposição de Deus. Ele tem aprendido como prevalecer em oração. Ele é um aluno da Palavra. Ele tem uma mensagem viva para o mundo perdido. Ele é um homem de fé, que espera resultados. Ele trabalha com a unção do Espírito Santo".

Valores

O homem de Deus precisa liderar seus seguidores para elevar a estima dos valores do grupo. A vida de Moisés é um exemplo de tal liderança. Ele acreditou, de todo o seu coração, que a liberdade era melhor do que a escravidão. Paulo, clara e ruidosamente, proclamou a liberdade aos gálatas (Gl 5.1,13). A perda da importância da liberdade na vida cristã significava a perda de tudo. Significava estar escravizado aos pobres elementares espíritos do mundo, em vez do poderoso e glorioso Espírito de Deus (Gl 4.8,9). Os pastores e os professores de seminários necessitam diariamente lembrar à igreja aos valores cristãos que fazem dos crentes pessoas diferentes dos mundanos. Uma comunhão de amor não cresce automaticamente na igreja. É por isso que o Novo Testamento repetidamente exorta aos seus leitores aos atos mútuos de amor, de encorajamento e de perdão. Esses são apenas alguns dos valores mais altos que precisam ser continuamente afirmados pelos líderes na família de Deus.
Um líder precisa reafirmar os valores que identificam o grupo. Porque um guia competente sabe o caminho, ele faz com que a estrada certa pareça a mais natural e a melhor. Jesus convidou homens a segui-lo, contudo, não, cega ou ignorantemente. Os discípulos teriam que negar a si próprios, tomar sua cruz diariamente e seguir cuidadosamente nos passos de Jesus (Lc 9.23). O valor que os seus seguidores ganhariam, contudo, seria inquestionavelmente digno disso. Eles salvariam suas "vidas" (v. 24). Um bom líder necessita saber pelo que se é digno de viver ou de morrer. É por isso que Jesus convidou os cansados e os oprimidos para aceitar o seu jugo (Mt 11.28). Jesus modelou os valores centrais do Reino através de seu estilo de vida e de atitudes. Ele ainda chama líderes para "aprender dele" (v. 29).
Em Corinto, os pastores-líderes que assumiram a liderança após a partida de Paulo, de modo abismal, fracassaram. Manter a unidade, o respeito acima de tudo, o amor pelos irmãos e irmãs em Cristo não foram prioridades em suas agendas. Eles escolheram os nomes de líderes ausentes, como Pedro, Paulo e Apolo, para alcançar os interesses próprios. As ambições políticas dos líderes na igreja de Corinto foram aumentadas, enquanto a causa de Cristo foi deixada de lado. Os valores ilegítimos exaltavam à “sabedoria” e às manifestações sobrenaturais, tais como o dom de "línguas". Os indivíduos carismáticos atingiram um prestígio exagerado.
A afirmação de Paulo de amor agape, como o valor central da Igreja em 1 Coríntios 13, precisa de constante ênfase hoje. Sem o amor, outros valores são inúteis. Um líder piedoso poderá saber que a auto-importância carnal obscurece os fatos. Ela enterra o alicerce na areia, e portanto, a organização titubeia, mesmo antes da chegada da tempestade.

Motivação

Um líder estimula os membros do grupo a alcançar alvos e manter valores, que o grupo assegura como preciosos. Para ser um motivador, implica que um líder tenha a habilidade de despertar e mover as pessoas à ação e à realização, ao mesmo tempo em que, satisfaz às suas necessidades. Isso inclui a mobilização e o agrupamento de homens e de mulheres para aceitar a visão e o trabalho para o cumprimento da obra. O treinamento refere-se ao compartilhamento de conhecimento e de habilidades para a realização da visão da comunidade.
John Page, em uma tese de Ph.D. apresentada à Universidade de Nova York, em 1984, descreve o começo e o desenvolvimento de quatro igrejas em Rio Comprido, no Rio de Janeiro. O líder, pastor João, distingui-se como um motivador e um mobilizador natural. Qual seria a outra forma de alguém começar uma igreja motivando favelados a trocarem seu sistema de valores dando generosamente, do pouco que tinham, para construir seu templo? O entusiasmo carrega o dia quando fatores mais importantes, como, verdade doutrinária e amparo bíblico estão em escassez.
Uma que, um líder precisa convencer seus seguidores de que pode resolver seus problemas da melhor forma possível, isso implica que ele necessita motivar outros a "comprarem" sua visão. Não é suficiente anunciar os alvos; cada seguidor precisa ser altamente motivado. Para um líder motivar alguém, ele precisa transmitir sua visão tão persuasivamente, que seus seguidores irão "adotá-la”, alegremente investindo vida, energia, dinheiro e preocupação nela. Charlie Tremendous Jones, corretamente, entende que um líder tem que ser um entusiasta. Sua própria convicção da importância em realizar sua visão, o motiva. Pouco importa quão duro alguém trabalha. A questão é, o quão empolgado ele está por sua visão. O entusiasmo é contagioso.
Na realidade, é impossível alguém motivar outra pessoa pois, a motivação, é uma atitude gerada dentro do indivíduo. Ela surge da persuasão que convence os seguidores de que, os alvos claramente focalizados, são dignos de todo o esforço, que é necessário para alcançá-los.
Um líder normalmente controla os incentivos em uma organização secular. Ele estará de acordo com o nível de pagamento, com as expectativas trabalhistas e os benefícios. Porém, para uma igreja, em que os membros contribuem gratuitamente, em vez de receberem remuneração monetária, outros tipos de benefícios devem ser considerados.
Paulo identificou a graça como o elemento cristão motivador. Ela foi o fator persuasivo que levou os macedônios a dar generosamente, de sua opressiva pobreza (2Co 8.1). "No meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade" (2Co 8.2). Porque a graça motivadora raramente afeta as igrejas evangélicas de hoje? A graça não foi algum poder esotérico manipulado r que tomara conta dos cristãos da Macedônia e obscurecera seus melhores interesses. "Graça” refere-se a forma de ver que olha para o futuro e está em concordância com as palavras de Jesus: "Mais bem-aventurado é dar que receber"(At 20.35).
Essa graça motivadora brota no solo rico da fé, olhando, além do sacrifício imediato, para a alegre satisfação da eternidade. Embora ela regozije-se na antecipação do prazer futuro é necessário, para o líder persuasivo, convencer os membros a sacrificar, como os Macedônios. Um grande líder, neste caso, Paulo, é capaz de motivar outras pessoas mostrando o desprezo pelo custo presente. Através de palavras e ação, Paulo convenceu seus ouvintes de que investimentos no Céu têm um retorno superior a qualquer valor deste mundo (Mt 6.20, 21; 2Co 4.16,17).
O amor é o maior motivador de todos. "Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição", escreveu Paulo (Cl 3.14). "Nós amamos porque ele nos amou primeiro" (1Jo 4.19). O amor de Cristo constrange (2Co 5.14), isto é, ele tem um poderoso incentivo constituído nele próprio. Paulo estava ciente de que o amor de Cristo não funcionava automaticamente como a batida de um coração. Dr. George Samuel, perito em medicina nuclear, motivador ardente e treinador de evangelistas para a Índia e o mundo, disse que: "Amor ágape tem um mínimo de emoções e um máximo de reconhecimento do valor e dignidade das pessoas". Paulo viu isso como uma atitude, que precisava ser "vestida” como uma capa. Quando esse amor ágape está faltando, nenhuma ação religiosa ou esforço espiritual é aceitável a Deus. "Ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará" (1 Co 13.3). O proveito nessa passagem é o prazer de Deus e a recompensa eterna do líder. Jamais poderá haver algum benefício eterno brotando da liderança cristã que exclua o amor como o seu ingrediente básico.

Administração

Um homem que Deus usa necessita organizar e administrar as atividades e ações de Deus na Terra. Ele precisa decidir o que será feito, e a seqüência de ações; ele planeja os acontecimentos, dando prioridade ao que é necessário. Empurra os eventos e as atividades desnecessárias para a periferia. O bom líder gasta pouco tempo apagando incêndios que irrompem na organização. Ele se esforça muito mais no ensejo de tomar decisões que previnam as tensões e os conflitos, do que nos problemas embrionários que poderão provocar incêndios.
O ministério de Paulo, em Éfeso, nos dá uma rápida percepção da administração que caracteriza a liderança preventiva, que difunde situações explosivas antes que estas destruam o trabalho de Deus. Durante os dois anos e meio que Paulo estava pastoreando a igreja naquela cidade cosmopolita, ele decidiu dar mais prioridade ao ensino. Em suas próprias palavras: "Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus" (At 20.26-27). Por detrás dessas palavras reveladoras, está a quantidade exaustiva de trabalho e de fadiga de expulsar os falsos professores ("lobos", v.29), que esperavam qualquer abertura na cerca para levar uma das ovelhas desprotegidas. "Todo o desígnio de Deus" tem que ser efetivamente transmitido aos pagãos para que a maturidade e o conhecimento espiritual pudesse ser indiscutível. Para esse fim, Paulo lembra os efésios como ele não cessou de admoestar cada um com lágrimas durante todo o tempo de seu ministério em Éfeso (v.31).
A boa liderança pressupõe que a pessoa em comando tenha uma habilidade organizacional. Saber onde começar, que passos tomar e qual é a melhor ordem na qual as ações precisam acontecer para atingirem bem seus objetivos desafia, muitas vezes, completamente a habilidade de um líder. A administração organiza o processo.
Mesmo a educação progride em pequenos passos. Quem poderia imaginar que seria possível ensinar geometria para uma criança de seis anos de idade? As crianças aprendem através da adição de cada novo passo ao conhecimento já adquirido. São necessários - para o sucesso de se atingir um alvo ou organizar um grande evento (o Geração 79 é um bom exemplo) - muitos passos planejados, em ordem, do princípio ao fim.
Os gráficos do "Pert" (Program Evaluation and Review Téchnique - Programa de Avaliação e Técnica de Revisão), podem oferecer uma ajuda valiosa para o planejamento. O Pert é "um instrumento de controle pela definição das partes de um trabalho, e pela reunião dessas partes em forma de cadeia, de maneira que a pessoa responsável por cada parte e o encarregado pela administração geral saibam o que deve acontecer e quando". O principal valor de um gráfico Pert é para ajudar um líder a desenvolver seu alvo de forma clara, e depois, planejar uma ordem para que todos os fatores que precisam ocorrer para que aquele alvo seja alcançado. O fracasso em administrar bem um programa, pode trazer à tona, uma das bem conhecidas leis de Murphy: "Tudo que pode sair errado, sairá errado"! Isto explica a causa da Bíblia Vida Nova ter levado quatorze anos para ser lançada, em vez dos três anos esperados. Todos os passos necessários para a realização do projeto não foram vistos antes do tempo, nem a ordem necessária dos eventos. Deus seja louvado que a Bíblia saiu da impressora, mesmo depois de muitas perdas desnecessárias e de barreiras vencidas.

Criação de uma Unidade Funcional

Esta tarefa do líder focaliza-se nos inter-relacionamentos que pessoas, em um grupo ou igreja, precisam manter para que funcione apropriadamente. A administração é relacionada com o planejamento e a organização. A unidade funcional integra as contribuições necessárias dos membros do grupo para que este funcione corretamente. É o líder que precisa fomentar essa interação positiva entre os componentes vivos, tanto quanto um engenheiro precisa produzir partes de uma máquina para que esta funcione como uma unidade.
Esta função complexa de uma igreja, como um "corpo", apóia o ensino de Paulo sobre os quatro ministérios de liderança da igreja, em Efésios 4. Apóstolos, profetas, evangelistas e pastores-mestres, todos eles, equipam ou treinam os membros da igreja para desenvolver seus diversos ministérios (diakonia, v. 12), sendo direcionados para a "edificação do corpo de Cristo". O ministério de preparação e o conseqüente "serviço" promovem a unidade da fé (v. 13). Essa, por sua vez, promove o crescimento da sabedoria do Filho de Deus e a maturidade na qual a "plenitude de Cristo" pode ser claramente vista.
O corpo (Igreja), como um todo, necessita estar bem ajustado c mantido unido, por aquilo que cada parte supre, caso cada uma funcione apropriadamente. Assim, o corpo cresce e aumenta a edificação de si mesmo em amor (v. 16).
Várias igrejas fracassam no crescimento porque os líderes não treinam seus membros para contribuir para o todo. A unidade funcional não é realizada. Os membros não cooperam em edificar uns aos outros. A rivalidade e a inveja tomam o lugar do amor, que é o ingrediente básico. Paulo descreve o oposto de "unidade funcional", quando projeta a monstruosidade do "corpo inteiro ser um olho" ou o pé falando: "Porque não sou mão, não sou do corpo" (1Co 12.14, 15, 17).
A unidade funcional une as pessoas no grupo de uma forma que enriquece a utilidade de seus dons para toda a comunidade. Dar e receber ajuda mutuamente dentro da igreja não ocorre sem ajuda, estímulo, humildade e amor. Embora seja muito mais fácil alinhar 100 pessoas nos bancos em frente do pregador, essa não é a maneira que a unidade funcional é criada. O ensino e o treinamento cuidadoso, possibilitando oportunidades e avaliando o desempenho, são fundamentais. Os elogios e as críticas não ofensivas, todos eles, contribuem para a unidade que leva a igreja a funcionar organicamente. Assim, ela cresce em tamanho, e amadurece na "estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4.15). Uma sugestão excelente, sobre a integração de serviços variados dos diferentes componentes da vida de uma igreja para o crescimento e a unidade é o livro de Christian Schwartz, O Desenvolvimento Natural da Igreja (Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1996).

Acompanhamento do Processo de Crescimento

Segundo Paulo, a contribuição de líderes em uma igreja, destina-se à formação de líderes secundários. Paulo também exortou Timóteo a procurar homens fiéis e capazes para instruir; homens que, por sua vez, seriam capazes de ensinar outros (2Tm 2.2). Primeiro, é necessário que o futuro líder seja fiel - uma virtude que se adquire com muito tempo. Ele, então, precisa de instrução, como a que Timóteo recebeu de Paulo. Tempo e paciência são necessários. Depois, esses homens precisam de testes - nunca feitos em um ou dois dias. A paciência e a perseverança são necessários para essa função de liderança.
Jesus pacientemente pastoreou seus discípulos pelo método de troca de foco, da vantagem pessoal deles, para os interesses do Reino. Jesus não tornou pescadores de homens e cobradores de impostos em ganhadores de almas do dia para à noite. Três anos de ensino e exemplo constantes foram apenas suficientes para lançá-los nas profundezas da responsabilidade da liderança.
Segundo, liderança exige a capacidade que depende do talento e da experiência de treinamento. Winston Churchill, certa vez, lamentou a tragédia de uma pessoa indicada para uma atividade importante, condizente com seus talentos, perfeitamente adequada para a oportunidade, mas sem treinamento e, portanto, desqualificada para aquilo que teria sido a sua melhor hora.
Os líderes bíblicos não podem ser neófitos, jovens despreparados ou inexperientes, mas, pessoas maduras. Paciência, talvez, é tudo o que se requer. Roma não foi construída em um dia, nem artesãos habilidosos construíram as catedrais da Europa, mundialmente conhecidas, em apenas um ano. A paciência não pode ser ignorada no desenvolvimento da liderança, nem quando um líder está fazendo de sua visão, uma realidade.

Explicando e Exemplificando

Uma pessoa que incorpora o caráter de uma organização, e identifica-se com sua pessoa e vida, cumpre a chave da função de liderança; Tome Hudson Taylor como um exemplo. Ele viveu intensamente, e deu vida à Missão no Interior da China, não só como fundador, mas como o missionário que exemplificou tudo que o caracterizava a Missão. É claro, ele não estava fazendo mais do que Jesus tinha feito. Jesus, completamente, identificara-se com o movimento que liderou, e líderes do Sinédrio puderam ver claramente que Pedro e João, pescadores comuns, estavam de alguma forma moldados pelo caráter dele (At 4.13).
Paulo escreveu aos Filipenses que o cristão ideal é aquele que tem adotado a mente de Jesus, que, como o mais atraente de todos os mestres, deixara uma imagem clara para ser imitada. Um líder incorpora o grupo que lidera de forma semelhante a que a cabeça se incorpora ao corpo. Os gálatas foram excluindo a si mesmos de Cristo para seguirem ensinos judaizantes e tornarem-se legalistas. Para Paulo, isso significou que necessitava dar nascimento a eles outra vez para que neles Cristo fosse formado (Gl 4.19).

Representação

Da forma que um pai representa sua família, o líder, enquanto homem de Deus, responsavelmente garante o resultado, que ele e seus seguidores tem buscado. Jesus cumpriu sua função indo à Jerusalém antes de seus discípulos. "Depois de fazer sair todas as (ovelhas) que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz" (Jo 10.4). Ele garantiu o presente do Reino para aqueles que fossem incluídos em seu pequeno rebanho (Lc 12.32). Ele não falharia em confessar os seus nomes diante de Deus, o Pai (Mt 10.32). Ele não pediria a seus seguidores para carregar-Ihes a cruz, a menos que, ele carregasse a sua própria cruz (Mc 8.34). Jesus defendeu seus discípulos, quando os acusadores os culparam (Lc 6.1-5).

Renovação

Um líder, nas mãos de Deus, precisa superar a inércia e as forças reacionárias que solidificam a tradição que começou a se formar nas mentes dos membros do grupo desde o primeiro dia que se reuniram. Métodos e técnicas tornam-se sagradas para a Igreja e instituições, fazendo com que mudanças saudáveis tornem-se difíceis ou até impossíveis. "A forma que sempre foi feita” pode sufocar o gênio de mentes criativas. Toda invenção útil tem tido que substituir as metodologias desgastadas e as vacas sagradas; uma mudança de paradigma é necessária para que um automóvel substitua um cavalo.
A tradição não é necessariamente má. Sem as rotinas e os hábitos, as pessoas caem na apatia e na confusão. Muito pouco pode ser realizado sem uma rotina. Contudo, quanto melhor é um líder, maior serão as chances dele ouvir e encorajar as idéias inovadoras que surgirão nas organizações.
Tempos atrás a melhor forma de se evangelizar era pelos encontros nas ruas. Hoje, o rádio e a televisão quase tornaram o evangelismo de rua algo obsoleto. Nossa cultura ocidental, muda rápida e abruptamente para práticas ineficientes. Com isso, as formas interessantes e criativas de se resolver problemas e de se alcançarem alvos, são muito bem-vindas. É o líder que determina responsavelmente o tom da organização. Ou ele encoraja a inovação ou desencoraja a mudança, mesmo quando ela não ameaça os valores centrais do grupo. O líder precisa de novas idéias, e da sabedoria de Salomão, para avaliar as forças sufocantes reacionárias e distingui-las dos ventos devastadores da mudança que promete melhoramentos e eficiência (cf. Ef 4.14).
(O líder que Deus usa – Russel Shedd. Pg.36)

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