quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A PALAVRA COMO MEIO DE GRAÇA

A. Sentido da Expressão “Palavra de Deus” Neste Contexto.
Dificilmente se pode dizer que os católicos romanos consideram a Palavra de Deus como meio de graça. Na opinião deles, a igreja é o grande e todo-suficiente canal da graça para os pecadores, e todos os demais meios lhe estão subordinados. E os dois mais poderosos meios que Deus colocou à disposição da igreja são a oração e os sacramentos. As igrejas da Reforma, porém, tanto as luteranas como as reformadas (calvinistas), honram a Palavra de Deus nessa qualidade, e até a consideram superior aos sacramentos. É verdade que teólogos reformados mais antigos, tais como os professores de Leyden (Synopsis), Mastricht, a Marck, Turretino e outros, e mesmo alguns de data mais recente, como Dabney e Kyper, não tratam separadamente da Palavra como meio de graça, mas isto se deve, em grande parte, ao fato de que já a consideraram noutros contextos. Eles falam francamente dela como meio de graça. E quando consideram a Palavra de Deus como meio de graça, não estão pensando no Logos, a Palavra pessoal, Jo 1.1-14. Tampouco têm em mente alguma palavra procedente da boca de Jeová, Sl 33.6; Is 55.11; Rm 4.17, ou alguma palavra de revelação direta, como a recebida pelos profetas, Jr 1.4; 2.1; Ez 6.1; Os 1.1. É a Palavra de Deus inspirada, a Palavra da Escritura, que eles consideram como meio de graça. E ainda quando falam desta como meio de graça, visualizam-na de um ponto de vista especial. As Escrituras inspiradas constituem o principium cognoscendi (princípio do conhecimento), o manancial de todo o nosso conhecimento teológico, mas não é esse aspecto que temos em mente quando falamos da Palavra de Deus como meio de graça. A Bíblia não é somente o principium cognoscendi de teologia; é também o meio que o Espírito Santo emprega para a propagação da igreja e para a edificação e nutrição dos santos. Ela é preeminentemente a palavra da graça de Deus, e, daí, também o meio de graça mais importante. Estritamente falando, é a Palavra pregada em nome de Deus, e em virtude de um comissionamento divino, que é considerada como meio de graça no sentido técnico da palavra, ao lado dos sacramentos, que são administrados em nome de Deus. Naturalmente, a Palavra de Deus também pode ser considerada como meio de graça num sentido mais geral. Ela pode ser uma bênção real quando levada ao homem de muitas maneiras adicionais: Quando é lida em casa, quando é ensinada na escola ou quando circula por meio de folhetos. Como os meios de graça oficiais, colocados à disposição da igreja, a Palavra e os sacramentos só podem ser administrados pelos oficiais da igreja, legítimos e propriamente qualificados. Mas, diversamente dos sacramentos, a Palavra pode ainda ser levada ao mundo por todos os crentes, e opera de numerosos e diferentes modos.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.613)

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