terça-feira, 22 de janeiro de 2013

NÚMERO DOS SACRAMENTOS

1. NO VELHO TESTAMENTO. Durante a antiga dispensação havia dois sacramentos, quais sejam, a circuncisão e a páscoa. Alguns teólogos reformados (calvinistas) eram de opinião que a circuncisão originou-se em Israel e foi auferido deste povo da aliança por outras nações. Mas agora é patentemente claro que esta posição é insustentável. Desde os tempos mais primitivos, os sacerdotes egípcios eram circuncidados. Além disso, a prática da circuncisão se acha em muitos povos da Ásia, da África e até da Austrália, e é muito improvável que todos a tenham derivado de Israel. Todavia, somente em Israel ela se tornou um sacramento da aliança da graça. Como pertencente à dispensação do Velho Testamento, era um sacrifício cruento, simbolizando a excisão da culpa e da corrupção do pecado, e constrangendo as pessoas a deixarem que o princípio da graça de Deus penetrasse suas vidas completamente. A páscoa também era um sacrifício cruento. Os israelitas escaparam do destino dos egípcios com sua substituição por um sacrifício, que foi um tipo de Cristo, Jo 1.29, 36; 1 Co 5.7. A família salva comeu o cordeiro que fora imolado, simbolizando assim um ato assimilativo de fé, muito parecido com o ato de comer o pão na Ceia do Senhor.
2. NO NOVO TESTAMENTO. A igreja do Novo Testamento também tem dois sacramentos a saber, o batismo e a Ceia do Senhor. Em harmonia com a nova dispensação em seu conjunto global, eles são sacramentos incruentos. Contudo, simbolizam as mesmas bênçãos espirituais que eram simbolizadas pela circuncisão e pela páscoa na antiga dispensação. A igreja de Roma aumentou para sete o número dos sacramentos de maneira totalmente infundada. Aos dois que foram instituídos por Cristo ela acrescentou a confirmação, a penitência, a ordenação, o matrimônio e a extrema unção. Ela procura base bíblica para a confirmação em At 8.17; 14.22; 19.6; Hb 6.2; para a penitência em Tg 5.16; para a ordenação em 1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6; para o matrimônio em Ef 5.32; e para a extrema unção em Mc 6.13; Tg 5.14. Pressupõe-se que cada um destes sacramentos comunica, em acréscimo à graça geral da santificação, uma graça sacramental especial, diferente em cada sacramento. Esta multiplicação dos sacramentos criou uma dificuldade para a igreja de Roma. Geralmente se admite que, para serem válidos, precisam ter sido instituídos por Cristo; mas Cristo instituiu apenas dois. Conseqüentemente, ou os outros não são sacramentos, ou o direito de instituí-los terá que ser atribuído aos apóstolos também. Na verdade, antes do Concílio de Trento, muitos asseveravam que os cinco adicionais não foram instituídos diretamente por Cristo, mas por meio dos apóstolos. Todavia, aquele concílio declarou ousadamente que todos os sete sacramentos foram instituídos pessoalmente por Cristo, e, desse modo, impôs à teologia da sua igreja uma tarefa impossível. É um ponto que tem que ser aceito pelos católicos romanos com base no testemunho da igreja, mas que não de vê ser comprovado.
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. O vocábulo mysterion tem no Novo Testamento o mesmo sentido que tem nas religiões de mistério? 2. Os ensinos neotestamentários a respeito dos sacramentos foram copiados das religiões de mistério, como pretende uma recente escola de crítica do Novo Testamento? 3. É correta a afirmação dessa escola, de que Paulo descreve os sacramentos como eficazes ex opere operato? 4. Por que os luteranos preferem falar dos sacramentos como ritos e gestos, a falar deles como sinais? 5. Que entendem eles por matéria coelestis (matéria celeste) dos sacramentos? 6. Que se quer dizer com a doutrina católica romana da intenção, com referência á ministração dos sacramentos? 7. Que requisito negativo Roma considera necessário estar presente no participante do sacramento? 8. É correto descrever a relação existente entre o sinal e a coisa significada como uma unio sacramentalis (união sacramental)? 9 Que constitui a gratia sacramentalis (graça sacramental) em cada um dos sete sacramentos da Igreja Católica Romana?
BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. IV, p. 483-542; Kuyper, Dict. Dogm., De Sacramentis, p. 3-96; Hodge, Syst., Theol. III, p. 466-526; Vos, Geref. Dogm. V, De Genademiddelen, p. 1-35; Dabney, Syst. and Polem. Theol., p. 727-757; McPherson, Chr. Dogm., p. 422-431; Litton, Introd. To Dogm. Theol., p. 419-450; Schmid, Doct. Theol. of the Ev. Luth. Ch., p. 504-540; Valentine, Chr. Theol. II, p. 278-305; Pieper, Christl. Dogm. III, p. 121-296; Kaftan, Dogm., p. 625-636; Pope, Chr. Theol. III, p. 294-310; Miley, Syst. Theol. II, p. 389-395; Wilmers, Handbook of the Chr. Rel., p. 305-314; Moehler, Symbolism, p. 202-218; Schaff, Our Fathers’ Faith and Ours,* p. 309-315; Bannerman, The Church II, p. 1-41; Macleod, The Ministry and the Sacraments of the Church of Scotland, p. 198-227; Candlish, The Sacraments, p. 11-44; Burgess, The Protestant Faith, p. 180-198.
(Berkhf, L – Teologia Sistemática pg 623)

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