terça-feira, 1 de janeiro de 2013

As Realidades Significadas e Seladas na Ceia do Senhor

1. AS COISAS SIGNIFICADAS NO SACRAMENTO. Uma das características do sacramento é que ele representa uma ou mais verdades espirituais mediante sinais perceptíveis e externos. No caso da Ceia do Senhor, o sinal externo inclui não somente os elementos visíveis empregados, mas também o partir do pão e o derramamento do vinho, a apropriação do pão e do vinho pelo comer e beber, e a participação deles em comum com outras pessoas. Os seguintes pontos devem ser mencionados aqui:
a. É uma representação simbólica da morte do Senhor, 1 Co 11.26. O fato central da redenção, prefigurado nos sacrifícios do Velho Testamento, é exposto claramente por meio dos significativos símbolos do sacramento do Novo Testamento. As palavras da instituição, “dado por vós” e “derramado em favor de muitos”, indicam o fato de que a morte de Cristo é sacrificial, em benefício do Seu povo, e mesmo em lugar deste.
b. Simboliza também a participação do crente no Cristo crucificado. Na celebração da Ceia do Senhor, os participantes não ficam apenas a olhar para os símbolos, mas os recebem e se alimentam deles. Falando figuradamente, eles comem a carne do Filho do homem e bebem o Seu sangue, Jo 6.53, isto é, assimilam simbolicamente os benefícios assegurados pela morte sacrificial de Cristo.
c. Representa, não somente a morte de Cristo como objeto de fé, e o ato de fé que une o crente a Cristo, mas também o efeito desse ato, dando vida, força e alegria à alma. Isso está implícito nos emblemas utilizados. Precisamente como o pão e o vinho nutrem e fortalecem a vida corporal do homem, assim Cristo sustenta e revigora a vida da alma. Segundo as descrições normais da Escritura, os crentes têm sua vida, e força, e felicidade, em Cristo.
d. Finalmente, o sacramento simboliza também a união dos crentes uns com os outros. Como membros do corpo místico de Jesus Cristo, constituindo uma unidade espiritual, eles comem do mesmo pão e bebem do mesmo vinho, 1 Co 10.17; 12.23. Recebendo os elementos uns dos outros, eles exercem íntima comunhão uns com os outros.
2. AS COISAS SELADAS NA CEIA DO SENHOR. A Ceia do Senhor não é somente um sinal, mas é também um selo. Em nossos dias esta visão foi perdida por muitos que têm um conceito deveras superficial do sacramento, e o consideram apenas como um memorial de Cristo e como um distintivo da profissão cristã. Estes dois aspectos do sacramento, quais sejam, sinal e selo, não são independentes um do outro. O sacramento como sinal – ou, numa colocação diferente – o sacramento com tudo o que ele significa ou simboliza, constitui um selo. O selo está vinculado às coisas significadas, e é um penhor da graça pactual de Deus revelada no sacramento. O Catecismo de Heidelberg afirma que Cristo visa, “com estes sinais e penhores visíveis, garantir-nos que realmente somos participantes do Seu verdadeiro corpo e sangue, pela operação do Espírito Santo, quando recebemos pela boca do corpo estas santas insígnias em rememoração dele; e que todos os Seus sofrimentos e obediência são tão certamente nossos como se nós mesmos, em nossas pessoas, tivéssemos sofrido e prestado satisfação a Deus pelos nossos pecados”. Os seguintes pontos entram em consideração aqui:
a. Ele sela, para o participante, o grande amor de Cristo, revelado no fato de que Ele se rendeu a uma vergonhosa e amarga morte por eles. Isto não significa meramente que o sacramento atesta a realidade dessa auto-rendição sacrificial, mas, sim, que assegura ao crente participante da Santa Ceia que ele foi, pessoalmente, objeto desse amor incomparável.
b. Além disso, ele afiança ao crente que participa do sacramento, não somente o amor e a graça de Cristo em oferecer-se agora a eles como Seu Redentor e em toda a plenitude da Sua obra redentora; mas lhe dá a certeza pessoal de que todas as promessas da aliança e todas as riquezas do oferecimento do Evangelho são suas, graças a uma doação divina, de maneira que ele tem direito pessoal a elas.
c. Ainda, o sacramento não somente ratifica ao crente participante as ricas promessas do Evangelho, mas lhe garante que as bênçãos da salvação são suas, como possessão real. Tão seguramente como o corpo é alimentado e renovado pelo pão e pelo vinho, assim a alma que recebe o corpo e o sangue de Cristo pela fé, está agora de posse da vida eterna, e com a mesma segurança a receberá mais abundantemente ainda.
d. Finalmente, a Ceia do Senhor é um selo recíproco. É uma insígnia de profissão da parte dos que participam do sacramento. Sempre que eles comem o pão e bebem o vinho, professam sua fé em Cristo como o seu Salvador, e sua fidelidade a Ele como o seu Rei, e solenemente se comprometem a uma vida de obediência aos Seus divinos mandamentos.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg656)

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