segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O BATISMO DE CRIANÇAS COMO MEIO DE GRAÇA

O batismo é sinal e selo da aliança da graça. Não simboliza uma coisa e sela outra, mas põe o selo de Deus naquilo que simboliza. Segundo os nossos padrões confessionais e a nossa forma para a ministração do batismo, este simboliza o lavamento dos nossos pecados, e esta é apenas uma breve expressão usada em lugar da remoção da culpa do pecado na justificação, e da remoção da corrupção do pecado na santificação, que, contudo, é imperfeita nesta vida. E se o que é simbolizado é isto, então é também o que é selado. E se se disser, como às vezes ocorre em nossa literatura reformada (calvinista), que o batismo sela a(s) promessa(s) de Deus, isto não significa meramente que ele atesta a veracidade da promessa, mas, sim, que garante aos batizandos que eles são os designados herdeiros das bênçãos prometidas. Isto não significa necessariamente que eles já estão, em princípio, de posse do bem prometido, embora isto seja possível e até provável, mas certamente significa que eles são designados herdeiros e receberão a herança, a não ser que se mostrem indignos dela e a recusem. Dabney chama a atenção para o fato de que muitas vezes selos são apensos a alianças promissórias, nas quais a concessão do benefício prometido é condicional.
Mas o batismo é mais que sinal e selo; também é, como tal, um meio de graça. De acordo com a teologia reformada (calvinista), ele não é, como os católicos romanos pretendem, o meio pelo qual se inicia a obra da graça no coração, mas, sim, é um meio para o seu fortalecimento, ou, como muitas vezes é expresso, para o crescimento da graça. Isto dá surgimento a uma questão muito difícil, em conexão com o batismo de crianças. Pode-se ver prontamente como batismo pode fortalecer a obra da fé no batizando adulto, mas não é assim tão perceptível como pode operar como meio de graça no caso de crianças, as quais não têm absolutamente nenhuma consciência da significação do batismo e ainda não podem exercer fé. A dificuldade que defrontamos aqui naturalmente não existe para o pequeno número de eruditos reformados que negam que o batismo apenas fortaleça uma condição de graça antecedente, e alegam que ele “é um meio para a comunicação da graça de maneira específica, e para o específico fim da nossa regeneração e da nossa implantação em Cristo”. Decerto que todos os demais têm que enfrentar o problema. Lutero também lutou com esse problema. Para ele a eficácia do batismo depende da fé do batizando; mas quando refletiu no fato de que as crianças não podem exercer fé, sentiu-se inclinado a acreditar que Deus, por Sua graça preveniente, produz nelas uma fé incipiente por meio do batismo; e, finalmente, ele remeteu o problema aos doutores da igreja. Os teólogos reformados resolvem o problema chamando a atenção para três coisas, que podem ser consideradas como alternativas, mas também podem ser combinadas entre si. (1) È possível partir da pressuposição (não do conhecimento certo) de que as crianças apresentadas para o batismo são regeneradas e, portanto, estão de posse da semen fidei (semente da fé); e afirmar que Deus, pelo batismo, de algum modo místico que não compreendemos, fortalece na criança esta semente da fé. (2) Também se pode chamar a atenção para o fato de que a operação do batismo como meio de graça não se limita necessariamente ao momento da sua ministração, nem um pouco mais que a operação da Ceia do Senhor se limita à hora da sua celebração. Pode, naquele exato momento, servir de algum modo misterioso para aumentar a graça de Deus no coração, se presente, mas também pode ser instrumento para aumentar a fé posteriormente, quando a significação do batismo for claramente compreendida. Isso é ensinado com clareza tanto na Confissão Belga como na Confissão de Westminster. (3) Pode-se assinalar, ainda, como foi feito por alguns teólogos (por exemplo, Dabney e Vos), que o batismo de crianças também é um meio de graça para os pais que apresentam seu filho para o batismo. Serve para fortalecer-lhes a fé nas promessas de Deus, para produzir neles a certeza de que a criança pela qual se responsabilizaram tem direito de propriedade quanto à aliança da graça, e para fortalecer neles o senso de sua responsabilidade pela educação cristã do seu filho ou filha.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática pg.646)

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